Carlos Nougué
Sempre a Igreja, seus santos e seus
doutores disseram que as pestes e as catástrofes naturais são castigos de Deus
pelos pecados dos homens. E a pandemia de covid-19, obviamente, também o é;
apesar de não poucos católicos – e alguns do melhores – preferirem brincar de
Sherlock Holmes para descobrir conspirações dos globalistas (como se precisasse de conspirações uma revolução já tão vitoriosa). Não querem ou não
conseguem ver que os revolucionários hegemônicos dos dias de hoje – os marcusiano-globalistas,
ou sadolibertinos – estão tontos diante da pandemia, que afeta gravemente
seus interesses: crise econômica global com inflação galopante no campo da
alimentação e no da energia, tambores de guerra mundial, protecionismo crescente,
lockdowns que obrigam os cidadãos a encerrar-se em seus territórios
nacionais e as famílias em seus lares (que coisa mais antiglobalista pode haver
que isso!?), etc. Naturalmente, as grandes farmacêuticas lucram com a venda de
bilhões de doses de vacinas; mas isso é assim mesmo no capitalismo, haja vista
quanto lucraram a indústria siderúrgica e a bélica nas duas guerras
mundiais (e pode haver algo mais antiglobalista que guerras globais?!).
Pois bem, como dito, prossegue o castigo
divino que é a atual pandemia, e é castigo longo e lento: a gripe espanhola era
mais letal que a covid-19 mas seu vírus era menos mutante que o desta (só no Brasil já há cerca de 40 variantes), razão
por que a devastação causada por ela foi relativamente mais breve que a da pandemia de covid-19. Além disso, como todos os castigos divinos, a atual
pandemia traz imensos bens. Por exemplo: ao que parece, não vai haver carnaval
de rua este ano ao menos em algumas das grandes cidades. O demônio deve de estar
contorcendo-se de ódio impotente.