Carlos Nougué
Por influência do liberal-conservadorismo católico,
alastrou-se até entre certos tradicionalistas católicos a defesa do recurso
chamado “objeção de consciência”. Mas onde estão os superiores desses católicos
para dizer-lhes que objeção de consciência é o mesmo que “liberdade de
consciência”, a mesma liberdade condenada por uma sequência ininterrupta de
cerca de dez papas até Pio XII? Se, num país revolucionário, pode o médico
católico arguir objeção de consciência para não praticar o aborto, pode também
o revolucionário, num país menos revolucionário, arguir com o mesmo direito
objeção de consciência contra a lei que proíbe o aborto. Ou seja: liberdade de
consciência, repita-se, a qual implica liberdade de expressão, liberdade
religiosa, liberdade de imprensa, etc., liberdade sempre para o bem ou para o
mal (e que acaba sendo antes para o mal, como vamos sentindo hoje na própria
carne). Fujamos disso e repitamos a postura que nos ensinaram os mártires de
todos os tempos: Não farei isso porque é contra a lei de Deus e da Igreja, a
lei do único e verdadeiro Deus e de sua única e verdadeira Igreja. Isto, sim, é
cristão, isto, sim, é católico. E ponto final.