Carlos Nougué
Tradicionalista: O magistério conciliar já não usa a linguagem
própria do magistério.
Conciliar: O magistério conciliar continua a usar a
linguagem própria do magistério.
Tradicionalista: Nenhum papa pode alterar o missal de São Pio V.
Conciliar: Qualquer papa pode alterar o missal de São Pio V.
Ad infinitum.
Mas é nisso que dá envolver-se em disputas
teológicas com o costume próprio dos “teólogos” de Facebook: palpitar sem se
dar ao trabalho de estudar, de ler, etc. Porque, com efeito, simplesmente não é
isso o que diz o Padre Calderón! E o pior: disponibilizei um curso gratuito de 12 aulas, “A Atual Crise na
Igreja”, em que, além de meus próprios pontos de vista, exponho exaustivamente
os do P. Calderón.
Diz o Padre argentino:
1) O próprio do magistério conciliar é já não falar
“em pessoa de Cristo”, mas, humanista e liberal que é, falar “em pessoa do Povo
de Deus”, o que está consignado em numerosíssimos documentos conciliares e
pós-conciliares. Isto é que é renunciar à autoridade doutrinal. Para tanto, o
magistério conciliar criou uma novilíngua, que, como toda novilíngua, utiliza
antigos termos com outros sentidos.
2) Agora falo por mim: é claro que qualquer papa
pode alterar o missal de São Pio V, e fizeram-no S. Pio X e Pio XII. Mas a
missa nova, contra o que quer fazer crer a novilíngua conciliar, absolutamente
não é uma alteração do missal de São Pio V: é uma ab-rogação deste e sua
substituição por uma missa já não sacrifical, mas memorial e convivial fundada
na doutrina herética do “mistério pascal” (sobre a qual voltarei a falar). –
Ademais, só posso dizer o que acabo de dizer se considero previamente que, como
o magistério conciliar depôs sua autoridade quanto ao objeto primário do
magistério da Igreja (o estritamente doutrinal, o dogmático), tampouco tem
autoridade com respeito ao objeto secundário do magistério (direito canônico,
leis litúrgicas, canonizações, etc.). Mas impôs a missa nova como o faz
qualquer autoridade demoliberal: protestando que fala em nome do Povo de Deus,
fala em verdade em nome de uma heresia e governa maquiavélica e tiranicamente.
Foi o que vimos fazer com respeito à missa tridentina a Paulo VI, João Paulo
II, o Cardeal Ratzinger (os dois últimos chegaram a ter certo sentimento de
culpa por isso e pela excomunhão de D. Lefebvre e de seus bispos, o que também
é assunto para outro artigo), e agora Francisco, sem absolutamente nenhum
sentimento de culpa, com seu Motu Proprio.