Carlos Nougué
Em seu magnífico opúsculo “De Missae sacrificio et ritu, adversus lutheranos”, escrito poucos anos antes do Concílio de Trento e levado muito em conta por este, o Cardeal Caetano demonstra contra os protestantes – e antecipadamente contra o CVII e sua doutrina do “mistério pascal” – que o rito da Missa tem caráter essencialmente sacrifical (e não essencialmente memorial e convivial). E eis as mais definitivas palavras suas sobre isto:
a) “Quando
Nosso Senhor Jesus Cristo mandou [na Santa Ceia]: Fazei isto em memória de Mim,
mandou: Fazei isto a modo de imolação
em memória de Mim.”
b) Como a
antiga Páscoa era figura da nova, “Fazei isto em memória de Mim refere-se a que
há que fazê-lo a modo de imolação, pois na antiga Páscoa se fazia deste modo”.
c) Na Primeira Epístola aos Coríntios (cap. 10), “São Paulo enumera entre as coisas imoladas o pão santo e o cálice do Sangue de Cristo; trata nossa mesa como altar; e diz que os que comem e bebem da mesa do Senhor comem e bebem coisas imoladas. Com isto fica claro, por um lado, que os Apóstolos haviam entendido o mandato de Cristo: Fazei isto em memória de mim, como fazer a Eucaristia imolando-a; e, por outro lado, que na Igreja de Cristo, no tempo dos Apóstolos, a Eucaristia era não só um sacramento mas também um sacrifício”.
Se eu fosse
protestante ou neomodernista vaticano-segundo, “enfiaria a viola no saco” e me
recolheria à minha insignificância. Como, porém, a alma da heresia é o “não
servirei” satânico e radica na mais alta soberba, em sua grande maioria eles
não o fizeram, nem o fazem, nem jamais o farão.