Carlos Nougué
Isto de que há 8 milhões de espécies animais faz par com os milhões de anos de vida animal na terra – segundo, claro, os evolucionistas. O objetivo inicial da ampliação exorbitante do número de espécies animais era relegar à cloaca do mitológico a narrativa bíblica do dilúvio: com efeito, como milhões de espécies animais (excluídos os insetos e os peixes) poderiam entrar numa arca? Vou tratar tudo isto em livro, ampliando e aprofundando muito o que já disse sobre o assunto no livro Da Arte do Belo e no tratado de Biologia da Escola Tomista. Dou abaixo um resumo apertadíssimo.
1) O dilúvio foi antropologicamente mas não
geograficamente universal. Com efeito, dizer que o dilúvio cobriu toda a terra
é hoje lançar a fé ao escárnio dos ímpios. Mas negar que matou todos os homens
menos os que estavam na arca tangencia o herético, pelo menos.
Observação: aliás, foi com grata surpresa que deparei com a
obra do Padre Paul Robinson (da FSSPX dos EUA, atualmente) The Realist Guide
to Religion and Science. Lendo-a por indicação de um amigo, vi que de fato
são algo numerosos os pontos de coincidência entre o que pensa ele e o que penso eu
acerca destes assuntos, muito especialmente acerca do dilúvio. O Padre também
tem um ótimo blog: https://therealistguide.com/blog?blog=y.
2) O universo e a terra terem zilhões de anos não
depõe contra a onipotência divina, senão que a ressalta ainda mais; e diga-se o
mesmo da imensidão do universo.
3) O homem não pode estar na terra há mais de,
digamos, 10 mil anos; se houvesse estado aqui desde há centenas de milhares de
anos, tropeçaríamos hoje em multidão incalculável de ruínas de cidades.
Observação: segundo os cálculos da Vulgata, o homem estaria
aqui há cerca de 6.000 anos. Mas este parece ser número simbólico (4.000 anos
a.C.). Parece preferível ficar com a Septuaginta, segundo cujos cálculos
estamos na terra há cerca de 7.500 anos.
4) Os vegetais podem estar na terra desde muito
tempo antes do homem. Mas não assim os animais, ao menos os superiores, o que
se mostra assinalando a fragilidade das espécies, que estão sempre em risco de
extinção.
Observação: já desde quando ainda jovem – e ainda ateu –
frequentei e concluí um curso universitário de Arqueologia descreio da
precisão dos métodos radiométricos (de datação), e muito especialmente o de
carbono-14. Tratarei detidamente também deste assunto no referido livro.
5) Os biólogos desde sempre confundem raça com
espécie, mas a coisa se agravou, como disse, a partir do evolucionismo, o que
permitiu a seus defensores chegar à fabulosa cifra de 8 milhões de espécies.
Alguns poucos exemplos de seu erro: não há várias espécies de ursos, mas várias
raças, o que se prova pelo fertilidade dos grolares (resultantes do cruzamento
de urso-polar e de urso-pardo). Além disso, lobo, lobo-guará, lobo-cão, coiote,
dino, cão, cachorro-do-mato, etc., também são raças diversas de uma só espécie:
cruzam entre si e procriam criaturas férteis. Veja-se, aliás, no vídeo a que
remete o link abaixo, como se relacionam com o homem os lobos em reservas
especiais (e sem adestramento); e saiba-se que, se voltam ao estado selvagem, os cães domésticos
tornam-se os chamados chimarrões: passam a viver em matilhas, fazem-se
ferocíssimos, e tendem a uivar. E diga-se algo semelhante no âmbito dos
felinos, etc., etc., etc., de modo que muito provavelmente nem sequer muitos dos
enormes animais pré-históricos constituíam espécies à parte, mas eram membros das mesmas
atuais espécies: tratar-se-ia de certos processos de “gigantismo” e de “nanismo”
por fatores ambientais, hormonais, etc. – o que se vê, aliás, na
própria espécie humana (do gigante nórdico ao pigmeu africano).
6) Aliás, nem sequer o fato de que do cruzamento de
animais da mesma espécie (segundo o meu conceito de espécie) não nasça nada ou
nasçam animais estéreis vai necessariamente contra o que digo, o que se prova
pelo seguinte exemplo. Se durante gerações sucessivas procriam entre si
indivíduos humanos portadores do gene da ELA (esclerose lateral amiotrófica),
chegará o momento em que seus descendentes serão estéreis com respeito aos não
portadores deste gene – sem contudo deixarem de ser da mesma espécie humana.
Etc.
Portanto, quanto a estes assuntos, até o lançamento de meu livro.