Carlos Nougué
Os que hoje ainda negam a gravidade imensa da atual
pandemia fazem-no por dois motivos. Primeiro, porque não têm o olhar da fé
(ainda que se digam catolicíssimos...) para ver que a atual pandemia é um
flagelo de Deus em punição da apostasia geral das nações (e na Igreja) e de
suas legislações anticristãs e contranatura. Segundo, porque seguem algum guru
ou santarrão liberal-conservador e/ou perenialista, cujo sucesso (tão efêmero)
depende de manter vivo o espantalho do comunismo: todos os males do mundo advém
do comunismo, como se a maioria das nações revolucionárias de hoje não fosse
liberal e marcusiana ou sado-libertina. Com efeito, crer que Biden é comunista
é crer em conto de fadas. Mas é que o liberal-conservadorismo, católico ou não,
não quer reconhecer que todos os males se reduzem não ao comunismo, mas ao
demônio, ao mundo e à carne. Ou seja, o segundo motivo reduz-se ao primeiro. E
o que há de mais ridículo que católicos, clérigos ou leigos, se tornem
paladinos da rebeldiazinha liberal contra máscaras, lockdowns e vacinas? Deixam
de cumprir seu papel, que é o de clamar que ou as nações se porão sob o reinado
de Cristo, ou serão sempre carniça para demônios. É a lição do Apocalipse de
São João, que, porém, infelizmente, tantos católicos -- em geral os mesmos que
negam a gravidade da pandemia -- não querem ler senão superficialmente, para
continuar a anunciar o fim dos tempos próximo (oh!), a crer na necessidade de
estocar alimentos, de comprar certas velas, etc. -- e a brandir o espantalho do
comunismo (e o elogio do capitalismo). A conclusão é inescapável: o flagelo
justiceiro de Deus não é só a dura pandemia, mas o endurecimento dos corações,
tal qual Ele fez ao faraó do livro do Êxodo, o qual via mas não cria.
https://g1.globo.com/mundo/noticia/2021/04/22/india-registra-recorde-de-casos-de-covid-quase-315-mil-em-um-dia.ghtml?fbclid=IwAR2l0lwIvIrZV0T97KfVxOEXnXQINBHSq0_pKK1U9DBqr9xfmSzUh3MdzYQ