Carlos Nougué
Notas prévias.
a) A obra de OdC é vasta, ainda que praticamente se identifique com seus sofismas. Por isso, no entanto, é que ler a vacuidade de sua doutrina e responder a ela é tarefa metafísica, mas sumamente entediante. Ainda assim, dar-me-ei ao tédio de responder a ela em três livros: quanto à sua doutrina histórica, em Da História e Sua Ordem a Deus; quanto à sua doutrina lógica, no Tratado dos Universais; quanto à sua doutrina metafísica, em Questões Metafísicas. – Diga-se todavia que nem de longe estes livros se resumirão a responder à vácua doutrina de OdC. Há MUITA coisa MUITO mais importante a que responder.
b) Portanto, esta e outras breves postagens de crítica a OdC que eu
faça tenham-nos vocês como uma sorte de aperitivos. O que todavia não farei é
responder a OdC em seu ofício de bufão, de bobo da corte. Pode xingar-me à
vontade, pode fazer quantas caretas queira contra mim – ofereço-o totalmente a
Cristo em magra retribuição do que sofreu por nós. Não entrarei em seu palco;
que bufoneie sozinho ou com sua trupe.
Observação: pergunto ao CDB se seus grupos de estudo sobre a
doutrina de OdC, que visariam a mostrar aos membros do centro se OdC deve ser
combatido ou aceito, já terminaram seus trabalhos. Parece que começaram em
fevereiro ou março. Mera curiosidade. Podem responder-me em privado.
Agora, à falácia olavética referida no
título deste post.
1) Eis o argumento de OdC para provar que não se pode demonstrar
a existência de Deus. Diz ele (cf., muito por exemplo, https://www.youtube.com/watch?v=gBrGq0xeUMo):
“Agora pergunto eu para você: existe algum argumento abstrato, por perfeito que
seja, que possa provar que um determinado indivíduo concreto existe ou não? A
existência de uma individualidade concreta não é matéria de prova lógica, mas é
matéria de experiência. Mas Deus é uma individualidade concreta. Logo, não se
pode demonstrar logicamente a existência de Deus”.
2) Respondo.
a) Antes de tudo, as provas ou demonstrações da existência de
Deus não são lógicas, mas metafísicas. Mas passe isso, até porque, como
mostrarei nos referidos livros, OdC entende lógica e metafísica não no sentido
clássico, ou seja, aristotélico, mas em sentido mesclado de perenialismo, de
modernismo e – concedo-o – de olavismo mesmo.
b) Depois, eis seu truque: comparar Deus aos indivíduos feitos
de matéria para afirmar sua improbabilidade ou indemonstrabilidade. Mas os
indivíduos feitos de matéria são-nos visíveis, audíveis, etc., enquanto Deus,
que é puro espírito, não nos é visível nem audível. Em boa metafísica, dizemos
que Deus é em si sumamente evidente mas não o é para nós, assim como o sol é
sumamente visível e no entanto não o é para os morcegos; razão por que a
existência de Deus deve ser demonstrada, e de fato o é, a partir de seus
efeitos, ou seja, de sua criação visível. Mas justamente é este o truque de
OdC: comparar o indivíduo concreto Deus com os indivíduos materiais concretos
sem lembrar que entre eles há essa “sutil” diferença. Vê-se assim que o
argumento de OdC é um perfeito sofisma ou falácia; e, como diziam Sócrates,
Platão e Aristóteles, sofisma ou falácia é um argumento falso com aparência de
verdade, e os sofistas são mercadores de mentiras.
c) Claro, claro, há de dizer OdC que ele e todos os seus amiguinhos
perenialistas têm “experiência de ou com Deus”. Também a tiveram,
relembro-lhes, Guénon, Schuon et caterva. Sucede todavia que, como se pode ler
aqui: https://www.estudostomistas.com.br/.../tradicao-tradicao...,
tal experiência não se dá propriamente com Deus, mas com o macaco deste. Este porém é assunto para minhas Questões Metafísicas.