Carlos Nougué
quarta-feira, 30 de dezembro de 2020
CARICATURAS DE TRADICIONALISMO
O pior de tudo isso, no entanto,
insisto, é que parte não desprezível do tradicionalismo católico atual, mais ou
menos conscientemente mas quase sempre continuadamente, é caudatária e vai a
reboque da ala racional-deísta do liberalismo. O principal porta-voz atual desta
ala católica tradicionalista é o Arcebispo Carlo Maria Viganò, que, em aparente
contradição com sua postura diante do magistério conciliar, não faz centralmente
senão repetir as estapafúrdias “narrativas” conspiracionistas dos
racional-deístas (às quais já respondi suficientemente na parte de “Política
teológica” de meu livro Estudos Tomistas
– Opúsculos II), além de, contra a prudência exigida por Santo Agostinho e
pelo mesmo magistério da Igreja, externar publicamente sua certeza da proximidade do Anticristo – e
tudo, o que é ainda pior, sob uma equívoca roupagem de defesa da realeza de
Cristo. Ainda que o faça não deliberadamente, esse modo de atuar é uma perfeita
manobra diversionista que mantém seus leitores sempre pendentes de uma ficção política,
sempre tendentes a certa forma de sedevacantismo, e sempre satisfeitos de si
mesmos: fazem parte de uma minoria iluminada que não se deixa enganar pelos donos
do mundo nem pelo falso profeta que se senta hoje no trono de Pedro. É
demasiada irresponsabilidade. Para constatá-lo, basta ler sua carta
interpretada pelo errante Frei Tiago – seu atual porta-voz para os lusófonos! –,
carta que de tão risível deveria fazer qualquer católico
tradicionalista sentir vergolha alheia... (cf. “Vacinas e o Pacto do Vaticano com o Poder Mundial”, aqui). Convenha-se, contudo, em que a postura de D. Viganò tem
algo de efêmero. Mas não tem nada de efêmero a postura do Padre Richard Gennaro Cipolla, sacerdote da Diocese de Bridgeport, CT,
EUA, e celebrante da missa tridentina. Que postura é essa? O velho e “bom” liberalismo
americanista travestido de tradicionalismo católico, o que se pode constatar
por seu artigo “Pode a Igreja Católica ser a campeã
contra as forças do liberalismo secular militante?”, publicado no famoso
e respeitado site tradicionalista Rorate Caeli e (traduzido ao espanhol)
no site Adelante la Fe, de Roberto de Mattei (cf. aqui).
Não nos deixemos enganar pelo título: porque, com efeito, o que o Padre chama “liberalismo
secular militante” é apenas a ala sado-libertina do liberalismo, já que no
mesmo artigo, além de elogiar a Thomas Jefferson (!), ele se mostra convicto defensor
da ala racional-deísta do mesmo liberalismo. Ao fim e ao cabo, diz ali o mesmo
que disse D. Viganò durante as últimas eleições presidenciais estadunidenses:
segundo o nosso arcebispo, estaria em jogo nestas eleições o destino mesmo da
humanidade, a ponto de o famoso dignitário participar de um ato de apoio a Trump
ao lado de gnósticos direitistas e de membros de outras religiões no mais puro
espírito de Assis...
Ou seja, quanto a seguir a postura
de D. Lefebvre com respeito ao drama central da Igreja desde o CVII – o destronamento
de Cristo, contra as Escrituras, a tradição e o magistério autêntico e
infalível da Igreja –, nada, absolutamente nada, afora algum “flatus vocis”. Mas
(hão de perguntar-se alguns) por que insisto tanto neste assunto?
Antes de tudo, porque, se tenho uma atividade católica pública, devo repetir e
repetir a verdade. E, depois, porque vejo muitíssimos tradicionalistas
católicos – sacerdotes e leigos – deixar-se levar pela caudalosa corrente do
liberal-americanismo travestido de tradicionalismo, assim como, mutatis
mutandis, a Liga Cristo Rei se deixa levar pelo liberal-americanismo de um Antonio
Donato. Desculpem-me, caros amigos e companheiros de tantas lutas, mas não vou parar de fazê-lo.
quarta-feira, 23 de dezembro de 2020
segunda-feira, 21 de dezembro de 2020
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A PRINCIPAL PROPRIEDADE DA CLOROQUINA
Carlos Nougué
terça-feira, 1 de dezembro de 2020
FOI LUTERO O CAUSADOR DO FIM DA CRISTANDADE?
Carlos Nougué