segunda-feira, 28 de setembro de 2020

Ainda sobre as relações entre o poder temporal e o espiritual


 Carlos Nougué

Se não aceitam a palavra deste que lhes escreve, senhores católicos bolsonaristas, nem a autoridade teológica do Pe. Calderón, aceitem ao menos a palavra de Cristo, do magistério autêntico da igreja, das Escrituras e da tradição sobre as relações entre estado e Igreja. Se não o fazem, pecam contra a fé. 

“Dizei às nações: O Senhor é rei. [...] / Jubilem todas as árvores das florestas / com a presença do Senhor que vem, pois ele vem para governar a terra: julgará o mundo com justiça, e os povos segundo a sua verdade.”

Salmo 95 

“Foi-me dado todo o poder no céu e na terra: ide, pois, e instruí todas as nações.”

Nosso Senhor Jesus CristoEvangelho de São Mateus 

“Uma coisa é, para o príncipe, servir a Deus na qualidade de indivíduo, e outra fazê-lo na qualidade de príncipe. Como homem, ele o serve vivendo fielmente; como rei, fazendo leis religiosas e sancionando-as com um vigor conveniente. Os reis servem ao Senhor enquanto reis quando fazem por sua causa o que só os reis podem fazer.”

Santo Agostinho, Carta ao Governador Bonifácio 

“É necessário que o fim da multidão humana, que é o mesmo que o do indivíduo, não seja viver segundo a virtude, mas antes, mediante uma vida virtuosa, alcançar a fruição de Deus.”

Santo Tomás de Aquino, De regno 

“[A Igreja tem em seu poder dois gládios (ou espadas)], o gládio espiritual e o gládio temporal. Mas este último deve ser usado para a Igreja, enquanto o primeiro deve ser usado pela Igreja. O espiritual deve ser manejado pela mão do sacerdote; o temporal, pela mão dos reis e dos soldados, mas segundo o império e a tolerância do sacerdote. Um gládio deve estar sob o outro gládio, e a autoridade temporal deve ser submissa ao poder espiritual.”

Bonifácio VIII, Unam Sanctam 

“O homem é criado para louvar, prestar reverência e servir a Deus nosso Senhor e, mediante isso, salvar sua alma; e as outras coisas sobre a face da terra são criadas para o homem, para o ajudarem a alcançar o fim para o qual é criado. Donde se segue que o homem há de usar delas na mesma medida em que o ajudem a alcançar seu fim, e que ele há de privar-se delas na mesma medida em que dele o afastem.”

Santo Inácio de Loyola, Exercícios Espirituais 

“Se eu conseguir ganhar um rei, terei feito mais pela causa de Deus do que se tivesse pregado centenas ou milhares de missões. O que um soberano tocado pela graça de Deus pode fazer no interesse da Igreja e das almas, milhares de missões jamais o farão.”

Santo Afonso M. de Ligório, apud P. Berthe, S. Alphonse 

“Para os povos como para os indivíduos, para as sociedades modernas como para as sociedades antigas, para as repúblicas como para as monarquias, não há sob o céu outro nome dado aos homens em que eles possam ser salvos além do nome de Jesus Cristo.”

Cardeal Pie de Poitiers, Discours au Président de la République (1870) 

“O Estado está para a Igreja assim como o corpo está para alma.”

Leão XIII, Immortale Dei 

“Os que no governo dos estados pretendem desconsiderar as leis divinas desviam o poder político de sua própria instituição e da ordem prescrita pela própria natureza.”

Leão XIII, Libertas præstantissimum 

“Na ordem das doutrinas, [o liberalismo] é pecado grave contra a fé [...]. Na ordem dos fatos, é pecado contra os diversos Mandamentos da Lei de Deus e de sua Igreja.”

D. Félix Sardà i Salvany, El liberalismo es pecado 

“Não, a civilização não está por inventar [...]. Ela já existiu, ela existe: é a civilização cristã, a cidade católica. O que falta é instaurá-la e restaurá-la sem cessar sobre seus fundamentos naturais e divinos contra os ataques sempre renascentes da utopia malsã, da revolta e da impiedade: Omnia instaurare in Christo.”

São Pio X, Notre charge apostolique

 “No juízo final, Jesus Cristo acusará os que o expulsaram da vida pública e, em razão de tal ultraje, aplicará a mais terrível vingança.”

Pio XI, Quas primas 

“Nós percebemos a numerosa classe daqueles que consideram os fundamentos especificamente religiosos da civilização cristã [...] sem valor objetivo [para os dias de hoje], mas que gostariam de conservar o brilho exterior dela para manter de pé uma ordem cívica que não poderia passar sem tal. Corpos sem vida, acometidos de paralisia, são eles mesmos incapazes de opor qualquer coisa às forças subversivas do ateísmo.”

Pio XII, Discurso à União Internacional das Ligas Femininas Católicas