domingo, 2 de agosto de 2020

O QUE ACHO DE “A SUMA TEOLOGICA EM FORMA DE CATECISMO”, DO P. TOMÁS PÈGUES


Carlos Nougué

Volta e meia me perguntam o que acho da referida obra. Pois bem, digo-o agora publicamente: é ruim e perigosa para a fé. Não que não se pudesse fazer algo semelhante para jovens e iniciantes (apesar do risco de instilar em alguns a preguiça de aprofundar-se na Suma de S. Tomás e suas dificuldades). Sucede porém que a referida obra simplifica certas coisas de modo tal que, como disse, põe em perigo a fé. As duas mais salientes:
1) Ao falar da predestinação, resume a doutrina dizendo que Deus salva os eleitos sem levar em conta seus méritos. Ora, a que se parece isso? A luteranismo, e como tal contraria definições de Trento e o dito por São Pedro em sua Segunda Epístola: “Esforçai-vos, para que pelas boas obras façais certa vossa vocação e vossa eleição”. Ou seja, tal resumo implica alto perigo para a fé e para a mesma salvação das almas.
2) Ao falar das relações entre estado e Igreja, resume a doutrina dizendo que são duas jurisdições com fins próprios e diferentes. Mas isso é a própria doutrina de Dante, de De Pádua, de Vitória, de Suárez, de Maritain condenada implicitamente pela Bula Unam Sanctam de Bonifácio VIII e pela Quas primas de Pio XI (além de outros documentos magisteriais). Este simples resumo, portanto, é capaz de minar os esforços ingentes dos que, de acordo com o magistério da Igreja e com a verdadeira doutrina de S. Tomás a este respeito, lutamos pela realeza de Cristo.
E essas duas coisas já constituem uma enormidade.