Carlos
Nougué
Volta e meia me perguntam o que
acho da referida obra. Pois bem, digo-o agora publicamente: é ruim e perigosa
para a fé. Não que não se pudesse fazer algo semelhante para jovens e
iniciantes (apesar do risco de instilar em alguns a preguiça de aprofundar-se
na Suma de S. Tomás e suas dificuldades). Sucede porém que a referida
obra simplifica certas coisas de modo tal que, como disse, põe em perigo
a fé. As duas mais salientes:
1) Ao falar da predestinação,
resume a doutrina dizendo que Deus salva os eleitos sem levar em conta seus
méritos. Ora, a que se parece isso? A luteranismo, e como tal contraria
definições de Trento e o dito por São Pedro em sua Segunda Epístola:
“Esforçai-vos, para que pelas boas obras façais certa vossa vocação e vossa
eleição”. Ou seja, tal resumo implica alto perigo para a fé e para a mesma
salvação das almas.
2) Ao falar das relações entre estado
e Igreja, resume a doutrina dizendo que são duas jurisdições com fins próprios
e diferentes. Mas isso é a própria doutrina de Dante, de De Pádua, de Vitória,
de Suárez, de Maritain condenada implicitamente pela Bula Unam Sanctam
de Bonifácio VIII e pela Quas primas de Pio XI (além de outros
documentos magisteriais). Este simples resumo, portanto, é capaz de minar os
esforços ingentes dos que, de acordo com o magistério da Igreja e com a
verdadeira doutrina de S. Tomás a este respeito, lutamos pela realeza de
Cristo.
E essas duas coisas já constituem
uma enormidade.