Carlos Nougué
Em verdade, falando propriamente, a vida que
devemos buscar é a bíos theoretikós de Aristóteles, a vida teorética, a
vida contemplativa (claro que aperfeiçoada e sobre-elevada pela graça). Devemos
pois buscar ser contemplativos. Chamar-se a si ou a outrem “intelectual” é
quase sempre incorrer na ácida crítica de Adimanto (no diálogo República
de Platão): a maioria dos que se dedicam à filosofia é perversa! Só uma minoria
é contemplativa. Pois bem, aquela maioria é justamente a que já desde há alguns
séculos se vem chamando “intelectual”, e que, ainda falando propriamente, não é
filósofa, porque não tem verdadeiro amor à Sabedoria. Tem amor à glória do
mundo ou ao mesmo mundo.