Carlos Nougué
Os
gnósticos, e em especial os perenialistas, para justificar sua absurda doutrina
de uma tradição ou revelação primordial que faria as religiões essencialmente
idênticas, costumam dizer que o cristianismo tem um lado exotérico, para as
multidões, e outro esotérico, somente para os iniciados. Tudo, claro, envolto
em torneios linguísticos “dialéticos” de “sim e não” (em vez de “sim, sim; não,
não”) para confundir os incautos. E parece (disse: “parece”) que até o Pe.
Arintero (na obra “Evolução Mística”, publicada pelo CDB) pode arrolar-se, de
algum modo, entre os que defendem a dupla face esotérica/exotérica do
cristianismo (e, embora ele pareça falar em iniciação com respeito apenas ao
místico, isso também constitui erro, como mostrarei também no curso sobre o
Apocalipse). – Mas o fato é que Cristo mesmo e seu Novo Testamento desmentem
categoricamente tal dupla face. Como falarei extensamente disto no referido curso, dou-lhes aqui apenas algumas citações com respeito ao que digo,
ou seja, que a Revelação é igual para os doutos e para os simples.
1) “E
disse-me [o Anjo]: Não seles [ou seja, não ocultes] as palavras da profecia deste livro,
pois o tempo [da Parusia] está próximo” (Apocalipse, 22, 10).
2) “O
que vos digo ao ouvido, pregai-o dos telhados” (Cristo nas instruções
aos apóstolos, Mateus 10, 27).
3) “Eu
falei ao mundo abertamente. Interroga tu os que me ouviram, eles sabem o que
eu disse” (Cristo ao pontífice que o interroga sobre sua doutrina, João 18,
20).
Por
isso diz São João Crisóstomo: “Aquele que não entende é porque não ama”.
Observação:
no curso sobre o Apocalipse, tratarei em detalhe também as passagens de Isaías,
no Antigo Testamento, relativas a este assunto.