Carlos Nougué
Como digo sempre, o objetivo de minha Escola Tomista é fazer que
o maior número possível de pessoas tenha o tomismo como sua “forma mentis”,
como forma de sua mente: ou seja, que passem a pensar como Santo Tomás. Mas
qual será a “forma mentis” de nossa direita?
I)
Comecemos pelo governo Bolsonaro.
1)
Nenhum plano educacional. Sua “política” neste âmbito limita-se a criticar
Paulo Freire.
2)
Nenhum plano de combate à pandemia. Sua “política” neste âmbito limita-se a
vender ou distribuir cloroquina como uma panaceia, enquanto há a previsão, do
governo norte-americano, de que em agosto teremos cerca de 5 mil mortes
diárias. Mas, para piorar a coisa, Bolsonaro não dota o Ministério da Saúde de
um ministro médico; e passa agora a esconder e manipular dados sobre o avanço
da pandemia no país. Iguala-se assim à Coreia do Norte, à Venezuela, à
Nicarágua, etc.
3)
Nenhum plano econômico, nem estatizante nem liberal, nem, muito menos, claro,
segundo a doutrina social da Igreja, a única que nos asseguraria um caminho sólido
e justo também no econômico.
4)
Entregou cerca de 100 bilhões de orçamento ao Centrão, ou seja, à oligarquia da
corrupção, mostrando-se nisto exatamente igual aos governos do PT. Necessitava
de governabilidade? Fizesse antes de tudo um bom governo.
5)
Não resistiu à criminalização da homofobia pelo STF e à permissão pelo mesmo
STF do ensino da ideologia de gênero na rede escolar pública. Numerosas
manifestações maciças de apoio a Bolsonaro praticamente não tocaram estas
questões. Perdeu assim o governo a grande chance de educar o povo quanto ao
verdadeiro caráter do matrimônio, etc., além de descumprir descaradamente uma
de suas principais bandeiras eleitorais. – Pior: em nome da referida e
canhestra governabilidade, desestimulou uma “Lava Toga” que poderia ter sido o
início da queda do STF tal como é hoje.
6)
Ou seja, tem um só objetivo: vencer as eleições de 2022. Mas não conseguirá
senão a mais acachapante derrota; e será culpado da volta da esquerda ao poder,
provavelmente uma esquerda sorosiana e marcusiana.
II)
E o que dizer do principal ideólogo da direita, OdC? Que, depois de afirmar, no
início de 2019, que era o verdadeiro poder por trás do governo, hoje, sentindo
próximo o naufrágio, rompe com Bolsonaro entre obscenidades e ofensas ao
presidente: prepara assim a audiência para quando abandonar o barco. Mas logo
depois diz que “ainda” está com Bolsonaro: é seu velho método de estimulação
contraditória. – E, se por quase duas décadas conseguiu travestir-se de
filósofo, agora está nu: é um mero mexeriqueiro político – e boca-suja.
III)
E seus seguidores? Além de ofenderem os que, não sendo OdC, criticam o governo
ou o próprio OdC, são como birutas de aeroporto: voltam-se para onde os empurra
o vento.
Ou seja, a “forma
mentis” de nossa direita é clara: a demência (como disse tão espirituosamente
Alessandro Lins de Albuquerque, trata-se de "forma dementis"...) – e
demência suicida. À beira do abismo, os nossos direitistas não retrocedem, mas
dão outro passo à frente. E, entre os que o fazem, infelizmente estão muitos
católicos.