Carlos Nougué
Há uma movimentação entre católicos
(incluindo tradicionalistas, uma vergonha) para que o substituto de Moro seja
um católico. Ah! de fato devemos estar no fim dos tempos... Como um católico
vai compor um governo junto com maçons, liberais, gnósticos? Uma coisa é julgar
que dado governo dessa estirpe seja um mal menor que outro. Outra coisa é
participar dele – o que implica anuência, concordância programática. Um mal
menor não deixa de ser um mal. Podemos votar nele, assim como se amputa uma mão
gangrenada para salvar o corpo. Mas não podemos aderir à gangrena! Um governo
que não se ponha sob a realeza de Cristo é um cadáver de governo, por efeito do
mesmo pecado original. Pode até fazer algumas coisas boas – o que até agora,
ademais, o governo Bolsonaro quase não fez: especializou-se em trapalhadas e
arrogância –, e podemos nós apoiar tais coisas. Mas a autoridade ou se funda na
verdade (como aliás o próprio étimo da palavra o indica) ou terá o que chamo
jurisdição precária. E a verdade é Cristo mesmo, que disse: Eu sou o caminho, a
verdade e a vida, tanto, digo, para os indivíduos como para as sociedades. Como
dizia o Cardeal Pie de Poitiers, “para os povos como para os indivíduos, para
as sociedades modernas como para as sociedades antigas, para as repúblicas como
para as monarquias, não há sob o céu outro nome dado aos homens em que eles
possam ser salvos além do nome de Jesus Cristo”. Portanto, católicos, sejamos
católicos e andemos de braço dado com a Verdade, ainda que sós.
Observação: e não me venham falar da
ameaça de volta da esquerda. Se isto acontecer, terá sido culpa unicamente de
uma direita dirigida por um aloprado (do qual falarei num próximo artigo).
Ademais, creem mesmo que um ministro da Justiça católico vai salvar o governo
Bolsonaro do naufrágio? Assim será: se tal católico se fizer ministro, afundará
junto com esse governo inepto, que foi incapaz até agora até de lutar
frontalmente contra a ideologia de gênero (talvez a bandeira principal da
campanha de Bolsonaro). Deixemos de hipocrisia – ou de estupidez.