Na Suma
contra os Gentios, S. Tomás, argumentando contra os filósofos (Alexandre de
Afrodísias, Avicena, Averróis...) que da necessidade das verdades eternas
chegavam a uma suposta eternidade (e unicidade) do próprio intelecto humano,
escreve: “Por isso não se pode concluir que a alma seja eterna, mas tão somente
que as verdades que o intelecto conhece se fundam em algo eterno. Fundam-se,
com efeito, na mesma verdade primeira como
causa universal que contém toda a verdade”. Mas daí mesmo decorre o argumento
metafísico para a imortalidade da alma humana, que tende para Deus, a primeira
verdade, como para seu fim último: “Com respeito a este eterno, a alma humana
não está como substância para a forma, mas como coisa para o próprio fim: a
verdade é efetivamente o bem e o fim do intelecto. Mas do fim podemos arguir a
duração da coisa, assim como de seu início podemos arguir a causa agente: com
efeito, o que está ordenado a um fim eterno há de ser capaz de duração
perpétua. Por isso, da eternidade das verdades inteligíveis pode provar-se a
imortalidade da alma, ainda que não sua eternidade” (II, 84 praeterea).
Esta é
só mais uma mostra da superioridade do tomismo sobre todas as demais doutrinas.
Todas, diante dele, se mostram minúsculas, enquanto todos os que se negam a
aceitá-lo se mostram ou soberbos ou dotados de poucas luzes. Não por nada,
portanto, o magistério da Igreja fez sua também a metafísica tomista
(especialmente mediante as 24 Teses): inspirou-o também nisto o próprio
Espírito Santo.