sábado, 30 de julho de 2016
sexta-feira, 29 de julho de 2016
Santo Tomás de Aquino e a fina arte de escolher o mal menor
Carlos Nougué
1) Os que se inscreveram
no curso O Melhor Regime Político segundo
Santo Tomás de Aquino (e o Atual Momento Brasileiro) já conhecem a fina
capacidade do nosso doutor para entender que quase nunca, na política, nos é
dado ter o perfeito regime político e a perfeita ordenação do poder temporal ao
espiritual.
2) Longe porém de
recomendar a abstenção política quando não se tenha tal perfeição, Santo Tomás passa
boa parte de seu imprescindível De regno
(Do Reino) a ensinar como e por que critérios se deve escolher um mal menor no
âmbito da pólis.
3) Assim, o melhor
regime é a monarquia (na Suma Teológica
dirá que é o regime misto), seguido da aristocracia e depois da politia (ou, podemos dizê-lo, democracia
não democratista, como explico no curso).
4) Mas os regimes retos podem sempre degenerar: e, com efeito, a corrupção da monarquia é a tirania; a
da aristocracia é a oligarquia; a da politia
é a democracia (democratista).
5) Sucede todavia que a
corrupção do ótimo (a monarquia) é o péssimo, razão por que a tirania é a pior
das corrupções políticas. Se pois se dá a tirania, serão preferíveis a ela não só
a aristocracia e a politia, mas até
as mesmas corrupções destas, ou seja, a oligarquia e a democracia
(democratista).
6) Mais que isso, porém:
se se trata de tais três corrupções, é preferível a democracia (democratista) à
oligarquia, porque, com efeito, na democracia (democratista), que é governo de
muitos, menos são oprimidos, além de que o caos que comumente nela se gera – no qual pugnam entre si os maus – permite
aos virtuosos certo respiro.
7) Dizê-lo, todavia, é
pouco. Porque, com efeito, se a tirania não é excessiva, senão que o tirano
ainda propicia algum bem comum à pólis,
devemos preferi-la não só à oligarquia e à democracia (democratista), mas até à
mesma aristocracia e à mesma politia.
8) A razão disto último
é complexa mas clara: como não só a aristocracia e a politia degeneram facilmente em oligarquia e em democracia (democratista), mas
de algum modo estas acabam por degenerar, também facilmente, em tirania
excessiva (por reação ao caos ou às guerras civis que aquelas propiciam), é
sempre preferível suportar e apoiar uma tirania não excessiva – e até rezar por
ela.
9) Se aplicarmos tal
fina arte de escolher o mal político menor a um período mais recente (o século
XIX), veremos, com Rubén Calderón Bouchet, que todo o esforço do diplomata
Metternich por constituir o Império Austro-húngaro foi altamente louvável e
pois apoiável: foi a barreira possível (ainda que efêmera) contra a revolução
francesa e maçônica. Mas o foi apesar de muitas coisas. Em primeiro lugar, para
Metternich tratava-se antes de o altar apoiar o trono que do inverso, como
requer a perfeita ordenação do temporal ao espiritual. Em segundo lugar, já não
era possível ao mesmo Império Austro-húngaro deter a marcha do liberalismo econômico,
e em algum grau do mesmo liberalismo político. E, no entanto, insista-se, “Metternich
lutou pela continuidade do Império, e graças à sua gestão, diplomaticamente
falando a mais engenhosa e sutil de sua época, a Europa se deu ao luxo de
continuar a ser, por breve tempo é verdade, o lar de uma multiplicidade sinfônica
de povos que concorriam para a sustentação de uma unidade espiritual” (Rubén
Calderón Bouchet, El espíritu del
Capitalismo).
10) Quanto à razão por que, à falta de uma opção efetivamente cristã, devemos votar em um mal menor, bastaria a carta de São
Pio X aos católicos italianos em que os insta a votar em candidatos “menos
indignos”; mas o estudo de Santo Tomás resumido acima vem como a confirmá-lo. Com
efeito, como diz Santo Tomás na Suma
Teológica, “por vezes devemos induzir um mal para alcançar algum bem, assim
como o cirurgião amputa uma mão gangrenada para salvar o corpo”.
11) Mas a escolha de um mal menor não implica a renúncia à bandeira política efetivamente cristã, católica: a realeza de Cristo. Enquanto as nações, mesmo as governadas por um mal menor, não se puserem sob o estandarte de Cristo, seguirão sendo pasto de demônios. Como dizia o Cardeal Pie de Poitiers, o inspirador do pontificado de S. Pio X, "para os povos como para os indivíduos, para as sociedades modernas como para as sociedades antigas, para as repúblicas como para as monarquias, não há sob o céu outro nome dado aos homens em que eles possam ser salvos além do nome de Jesus Cristo".
quinta-feira, 28 de julho de 2016
Opondo-se à Heresia Austríaca
Christopher A. Ferrara
O artigo do Dr. Chojnowski é um primeiro passo importante na montagem de
uma resposta católica tradicional às ambições infladas da Escola Austríaca,
cujas duas grandes divindades, os falecidos pensadores liberais judeus Ludwig
von Mises e Murray Rothbard, escreveram as obras fundamentais do movimento austríaco:
o tomo maciço Ação Humana (1949), por
Mises, e o igualmente maciço Homem,
Economia e Estado (1962), por Rothbard. Estes dois livros compreendem o
Velho e o Novo “Testamento” do que equivale hoje a um culto radical do laissez-faire social
e econômico, que, é triste dizer, conta com um número crescente de adeptos
católicos.
O culto do Laissez-Faire
Não uso a frase “ambições infladas” ou a palavra “culto” levemente. O
Mises Institute, fundado para pregar um evangelho de “liberdade” social e econômica
ao mundo, orgulha-se do sucesso do movimento em termos quase messiânicos. Como
o Instituto – dirigido por um católico, Lew Rockwell – declarou
recentemente:
“Temos sido extremamente eficazes na construção de um movimento global
para a liberdade e sua base intelectual. Hoje austríacos e libertários formam
um movimento coeso em todo o mundo, unidos em princípios, publicando como nunca
antes, e ensinando as multidões por todos os meios disponíveis. Por esta razão,
a Escola Austríaca foi chamada de o mais coerente e ativo movimento
intelectual internacional desde o marxismo”.[1]
O tributo do Instituto Mises feito a Rothbard por ocasião do décimo
aniversário da sua morte tem o sabor de uma dulia cultual:
“E, assim, ao querido Murray, nosso amigo e mentor, o vice-presidente do
Instituto Mises, o acadêmico que nos deu a orientação e o cavalheiro que nos
mostrou como encontrar alegria no confronto com o inimigo e no avanço da
verdade, a equipe e os estudiosos do Instituto oferecem este tributo, juntamente
com os milhões que têm sido atraídos por suas ideias. Que suas obras sempre
estejam disponíveis para todos os que gostam de aprender sobre a liberdade e de
fazer sua parte para lutar pela pedra angular da própria civilização. Que seu
legado permaneça para sempre [!] e que possamos todos tornar-nos
guerreiros felizes pela causa da liberdade.”[2]
Céu e terra passarão, mas as palavras de Rothbard não passarão.
Que tipo de tomista é este?
terça-feira, 26 de julho de 2016
segunda-feira, 25 de julho de 2016
“El Espíritu del Capitalismo”: obra fundamental de Rubén Calderón Bouchet
C. N.
Conquanto
tardiamente, acabo de ler El Espíritu del
Capitalismo (Buenos Aires, Nueva Hispanidad, 2008, 510 pp.), de Rubén
Calderón Bouchet († 2012, e pai do Padre Álvaro Calderón). É obra fundamental, cuja
leitura recomendo efusivamente.
Dou
abaixo o sumário da obra, e links para
vídeos com seu autor.
ÍNDICE
Orações pela escola de meninos dos Dominicanos de Avrillé, e por que devemos lutar no Brasil
C. N.
No início do ano de
2017, acontecerá na França a inspeção da escola de meninos dos Dominicanos de
Avrillé (La
Haye-aux-Bonshommes, Angers). O Ministério da Educação do governo
socialista (e radicalmente anticatólico) ameaça fechá-la por não “defender
suficientemente os valores republicanos”. Dirijamos pois instantes orações pela
escola deste baluarte do cristianismo.
E é para que não nos vejamos os católicos brasileiros sob tacões como os
dos revolucionários republicanos franceses ou espanhóis que devemos lutar no
Brasil não só pela queda do governo do PT mas contra todas as correntes revolucionárias
(e não se tenha dúvida: o que imediatamente se substitui ao PT
não deixa de ser revolucionário). Está na hora de os católicos nos livrarmos de
uma vez da inércia querida pela CNBB (majoritariamente aliada dos revolucionários) e, com a voz
que nos for possível, somar-nos às manifestações do dia 31 e demais, mas
distinguindo-nos perfeitamente por lemas próprios: liberdade para o ensino
católico, pelo homeschooling, pela
família, contra a ideologia de gênero, contra o aborto – sempre com o rosário
ou terço na mão, e sempre sob o estandarte de Cristo Rei.
Graças à inépcia e à cupidez do mesmo PT, e ao contrário
do que muito infelizmente sucede hoje aos católicos de quase toda a Europa, deixamos
no Brasil de estar totalmente sob tacões revolucionários. Logo, possibilitaram-se-nos
meios mais diretamente políticos de atuação. Não os desperdicemos, enquanto é
tempo.
Em tempo: e
apoiemos a restauração monárquica, contra a podridão republicana.
O Cardeal Pie de Poitiers e as disputas
Assim
como um juiz não pode sentenciar em juízo
até
haver escutado as duas partes, assim o homem que
estuda
filosofia julga melhor se observa o choque
das
ideias, como o de dois adversários em pugna.
Santo
Tomás de Aquino
Cardeal Pie de Poitiers
Deve-se preferir
seguramente a calma exposição dos dogmas à discussão: nossos ilustres
predecessores disseram-no com frequência, e seria muito fácil fazer apenas uma
coleção de seus escritos em que o dizem. Mas as exigências do tempo
colocavam-nos também a eles em meio a polêmicas, e, quando se leem as suas
obras, compreende-se que a polêmica ocupa talvez até a maior parte delas.
Mas não devemos
lamentar-nos disto! Foi para que se vissem brotar daqueles golpes as mais
brilhantes centelhas de seu gênio, os traços mais luminosos de seu espírito.
Não sei se a tradição católica seria irreparavelmente prejudicada mais com a
perda dos livros de apologética e dos tratados de polêmica do que com a dos de
catequese e das homilias pastorais.
Dizem, eu sei, que a
contradição pode dar demasiado peso ao agressor, que lhe pode conciliar o
favor popular, enquanto o silêncio e o desprezo o deixam afundar na obscuridade
e no silêncio. Respondo logo que a Igreja, sem supervalorizar ou engrandecer
propositadamente nenhum adversário, tem o costume de não subestimar nenhum, e,
portanto, se qualquer se sentir honrado, a culpa não será da Igreja.
Acrescentemos que a
teoria do silêncio é um pouco demasiado cômoda para não ser suspeita, e
verificamos que, relativamente ao passado, não pode contar a seu favor com o
sucesso nem com a autoridade nem com o exemplo.
Uma vez que se insiste
tanto na dificuldade de observar a caridade nas discussões religiosas, respondo
que os grandes Doutores nos dão exemplos muito claros e regras bem precisas a
este propósito. Em textos que todos conhecemos, aconselham o comedimento, a
moderação, a indulgência para com os próprios inimigos de Deus e da verdade, o
que não os impede de usar, sem contradizer estes princípios, a arma da
indignação, às vezes ainda a do ridículo, com uma vivacidade e com uma liberdade
de linguagem que incomodariam nossos ouvidos delicados.
A caridade, com efeito,
encerra antes de tudo o amor de Deus e da verdade. Não teme, por isso,
desembainhar a espada ao tratar-se dos interesses da causa sagrada, sabendo que
mais de um inimigo pode ser refutado e curado somente com golpes ousados e
talhos salutares.
sábado, 23 de julho de 2016
A Igreja e os doentes ao longo do tempo
• Como se lê
em Explosion de
charité - par les Dominicains d'Avrillé, Cristo passou por esta terra
fazendo o bem, especialmente aos
doentes. Desde o início, o cristianismo imitou-o.
• No ano 252,
dá-se uma epidemia de peste no Império Romano. Em Cartago, os pagãos fogem,
abandonando seus doentes aos cuidados dos cristãos sob a autoridade do bispo
São Cipriano (que será martirizado pelos mesmos pagãos em 258). – Em 268, dá-se
o mesmo em Alexandria.
• Século IV:
desde o fim das perseguições aos cristãos (313), surgem hospitais, orfanatos,
asilos em todo o Império Romano. O primeiro hospital conhecido é fundado em
Cesareia pelo bispo São Basílio, que cuida, ele mesmo, dos doentes. – O primeiro
hospital de Roma é fundado por Santa Fabíola. Esta nobre patrícia reúne os
doentes nas ruas, lava-os, enfaixa-os, alimenta-os, gasta toda a sua fortuna
por eles. – O senador Pammachius (amigo de São Jerônimo) faz o mesmo: morrerá
despojado de tudo, no hospital que ele mesmo fundou. São João, o Capelão, funda
o primeiro hospital em Alexandria; São Crisóstomo em Constantinopla; Santo
Efrém em Edessa; etc.
• Idade
Média: asilos e hospitais multiplicam-se por toda a cristandade. – O Papa
Símaco († 514), o Papa Pelágio II (em 580) e o Papa São Gregório Magno († 604)
fundam hospitais e orfanatos. – O historiador Hurter estima que no século XIII
a França possuía 20.000 hospitais, que recebiam doentes, órfãos, pobres e
peregrinos. – Obra-prima desta caridade em ato: o Hôtel-Dieu de Beaune, fundado
em 1443.
• Milhares de
religiosos e de religiosas dão-se totalmente a Cristo na pessoa dos doentes:
Irmãos Hospitaleiros (São João de Deus, 1537); Camilianos (São Camilo de Lélis,
1584), etc. Em trinta anos (1584-1614), 220 dos primeiros religiosos camilianos
morrem ao lado dos doentes que eles assistem.
• Na Europa
e no mundo inteiro (Ásia, África, terras muçulmanas), a Igreja Católica é a verdadeira
mãe dos hospitais e das obras de caridade. Outras religiões imitaram-na mais ou
menos tardiamente, mas sem jamais superá-la nem igualá-la.
segunda-feira, 18 de julho de 2016
domingo, 17 de julho de 2016
La Iglesia y la esclavitud - por Jaime Balmes
EL PROTESTANTISMO COMPARADO CON EL CATOLICISMO
EN SUS RELACIONES CON LA CIVILIZACION EUROPEA
Dr. D. Jaime Balmes 1842
TOMO 2
La Iglesia católica empleó para la abolición de la esclavitud no sólo un
sistema de doctrinas y sus máximas y espíritu de caridad, sino también un
conjunto de medios prácticos. Punto de vista bajo el cual debe mirarse este
hecho histórico. Ideas erradas de los antiguos sobre la esclavitud. Homero,
Platón, Aristóteles. El cristianismo se ocupó desde luego en combatir esos
errores. Doctrinas cristianas sobre las relaciones entre esclavos y señores. La
Iglesia se ocupa en suavizar el trato cruel que se daba a los esclavos.
AFORTUNADAMENTE
la Iglesia católica fue más sabia que los filósofos, y supo dispensar a la
humanidad el beneficio de la emancipación, sin injusticias ni trastornos: ella
regenera las sociedades, pero no lo hace en baños de sangre. Veamos, pues, cuál
fue su conducta en la abolición de la esclavitud.
Mucho
se ha encarecido ya el espíritu de amor y fraternidad que anima al
Cristianismo; y esto basta para convencer de que debió de ser grande la
influencia que tuvo en la grande obra de que estamos hablando. Pero quizás no
se ha explorado bastante todavía cuáles son los medios positivos, prácticos,
digámoslo así, que echó mano para conseguir su objeto.
Al
través de la oscuridad de los siglos, en tanta complicación y variedad de
circunstancias, ¿será posible rastrear algunos hechos que sean como las huellas
que indiquen el camino seguido por la Iglesia católica para libertar a una
inmensa porción del linaje humano de la esclavitud en que gemía? ¿Será posible
decir algo más que algunos encomios generales de la caridad cristiana? ¿Será
posible señalar un plan, un sistema, y probar su existencia y desarrollo, apoyándose
no precisamente en expresiones sueltas, en pensamientos altos, en sentimientos
generosos, en acciones aisladas de algunos hombres ilustres, sino en hechos
positivos, en documentos históricos, que manifiesten cuál era el espíritu y la
tendencia del mismo cuerpo de la Iglesia? Creo que sí: y no dudo que me
sacará airoso en la empresa lo que puede haber de más convincente y decisivo en
la materia, a saber: los monumentos de la legislación eclesiástica.
A Igreja Católica e a abolição da escravidão no Brasil
Sobretudo pela ação do arcebispo Dom José Pereira da Silva Barros,
capelão-mor de Dom Pedro II, e que viria a ser conhecido como o “Bispo Abolicionista”,
a Igreja Católica foi um dos principais atores da abolição da escravatura no
Brasil. Com efeito, em 1887 Dom José, desde sempre abolicionista e muito ligado
tanto ao Papa Pio IX como ao Papa Leão XIII, anunciou que a abolição da
escravidão no Brasil seria “um bom presente ao Papa”. A Dom José Pereira, seguiram-se
na defesa da causa abolicionista o arcebispo da Bahia e o de São Paulo; e Dom
José Pereira, por sua luta a favor da abolição da escravatura, foi das poucas pessoas
homenageadas publicamente por Dom Pedro II e por Dona Isabel. Recebeu destes o
título de Conde de Santo Agostinho, o qual ele não teve dinheiro para retirar, por
ser, como disse ele mesmo, um homem pobre. Com efeito, Dom José tornara-se
célebre em sua cidade natal por ter doado para obras de caridade toda a fortuna
herdada de sua família.
Rodrigo Augusto da Silva, em sua defesa da Lei Áurea na Câmara Geral, citou a Igreja Católica como um dos motores da abolição da escravatura.
O Cristianismo e os pobres ao longo do tempo
Os primeiros cristãos
• Como se lê em Explosion de charité - par les Dominicains d'Avrillé,
desde seu aparecimento o cristianismo é como uma explosão de caridade. Em
Jerusalém, os primeiros cristãos vendem seus bens para dar aos pobres (At 4,
32).
• O pagão Luciano de Salmósata (125-192) zomba muito dos cristãos em sua
sátira Peregrinus. Mas reconhece seu “incrível
afã” de exercer a caridade: “Eles não se poupam incômodo, nem despesas, nem
trabalho”.
• Em face dos perseguidores, os primeiros cristãos podiam declarar: “O
estado esqueceu que nos deve a vida de seus pobres, que pereceriam, ah! se não
os viéssemos socorrer?” (Tertuliano).
• O diácono Lourenço reúne os pobres socorridos pela Igreja: “Eis os
tesouros dos cristãos, não temos outros”.
Século IV
• Desde o fim das perseguições (313), riquíssimos romanos convertidos ao
cristianismo vendem todos os seus bens para pôr-se, eles mesmos, ao serviço dos
pobres: Melânia, o senador Paulino, et
alii.
Idade
Média
• Os reis cristãos destacam-se por sua caridade. Santo Estêvão da
Hungria († 1038) lava, ele mesmo, os pés dos pobres. Santo Eduardo da Inglaterra
(† 1066) despoja-se para socorrê-los. Santa Margarida, rainha da Escócia († 1093),
e Santa Elisabete da Hungria († 1231) passam literalmente a vida a ocupar-se
dos pobres. São Luís, rei da França († 1270), reúne toda semana os pobres em
sua câmara para servi-los, ele mesmo, à mesa. E citem-se ainda Santo Edmundo,
São Casimiro da Polônia, São Leopoldo da Áustria, Roberto, o Piedoso, Santa
Brígida da Suécia, Santa Edviges da Silésia, Santa Margarida de Saboia, et alii.
Tempos
modernos
• Século XVII: as Filhas da Caridade, de Santa Luísa de Marillac; século
XVIII: as Filhas da Sabedoria; século XIX: as Pequenas Servidoras dos Pobres,
de Joana Jugan: todas estas e dezenas de outras congregações ou famílias
religiosas surgem regularmente para socorrer os miseráveis, atraindo centenas e
milhares de almas que se sacrificam inteiramente à caridade.
sexta-feira, 15 de julho de 2016
A Igreja e a escravidão ao longo do tempo
• Tanto na Roma antiga como em Atenas, a imensa maioria da população era constituída
de escravos. Durante toda a sua história, o islã praticou o tráfico maciço de escravos.
Na Europa, ressurge a escravidão quando no fim da Idade Média o espírito cristão
se enfraquece.
• Mas declarara São Paulo: “Já não há livre nem escravo”. A partir desse
momento, sem revolução nem agitações, a caridade cristã começou a dissolver a
escravidão. Os cristãos libertaram seus escravos. Na França, a rainha Santa
Bathilde (626-680) consagrou a interdição da escravidão.
• Lentamente mas seguramente, com efeito, a Igreja fez que se abolisse a
escravidão, não porém revoltando ou sublevando os escravos, mas dando o
espírito cristão a seus senhores. Ecoavam outras palavras de São Paulo: “Não os
trateis com ameaças, sabendo que tendes uns e outros no céu um mestre comum,
diante do qual não há acepção de pessoa”.
• Hermes, então, prefeito de Roma sob Trajano, libertou seus 1.250 escravos
no dia de seu batismo. Santo Ovídio libertou 5.000 escravos, Santa Melânia
8.000, etc.
• O Papa São Símaco († 514) resgatou e libertou os escravos da Ligúria. Do
mesmo modo, São Gregório Magno († 604) e São Zacarias († 752) pagaram o resgate
de escravos até na África.
• Durante esse tempo, milhões de cristãos
foram reduzidos à escravidão pelos muçulmanos de Argel, de Túnis, etc. Os religiosos
Trinitários (fundados em 1198 por São João de Matha) e os religiosos Mercedários
(fundados em 1218 por São Pedro Nolasco) dedicaram-se a libertá-los.
• São Pedro Pascal (bispo de Jaén) entregou
todos os seus bens e depois sua própria pessoa para resgatar os cativos dos
turcos. Fiéis pagaram seu resgate, mas ele preferiu empregá-lo na libertação
das mulheres e das crianças, e morreu cativo em 1300.
• Em pleno Renascimento do espírito pagão
(século XV e XVI), os papas Paulo III (20 de maio de 1537) e Urbano VIII (22 de
abril de 1639) opuseram-se firmemente à escravidão dos ameríndios.
• Muitos papas condenaram igualmente o
tráfico dos negros: Eugênio IV (13 de janeiro de 1435), Pio II (7 de outubro de
1462), Paulo III (2 de junho de 1537), Inocêncio XI (1683), Pio VII (1815),
etc.
• Numerosos padres ajudaram os escravos
negros, notadamente São Pedro Claver (†1654), que acrescentou a seus votos
religiosos o de consagrar sua vida inteira ao serviço dos escravos, e não hesitou
em assinar: “Pedro Claver, escravo dos negros para sempre”.
De árboles y frutos – II
José María Hernández
1. En
la Catena Áurea, santo tomás suele
poner comentarios discordantes de los padres. En el caso que nos ocupa, S. Agustín, al
parecer, niega que el hombre malo pueda hacer obras buenas, y San Jerónimo dice
lo contrario acá: “Preguntemos a los
herejes, que admiten en sí mismos dos naturalezas contrarias si, según su modo
de pensar, un árbol bueno no puede producir malos frutos, ¿cómo Moisés, árbol
bueno, ha pecado junto a las aguas de la contradicción (Núm 26,72), San Pedro
negó al Señor en la pasión diciendo: ‘No conozco a ese hombre’, y el suegro de
Moisés, árbol malo que no creía en el Dios de Israel, le dio un buen consejo?”
2. Concentrémonos ahora en esa cita de san agustín puesta por santo tomás en la
Catena Áurea. Esta cita del Opispo de
Hipona ha quedado reprobada por el Concilio
de Trento, si se entiende que en ella San Agustín afirma que un hombre malo no
puede hacer obras buenas, y que, por tanto, y al no existir los actos
indiferentes en concreto, todo lo que hace es pecado. En la época de San Agustín,
ese punto era opinable, al no haber sido definido por la Iglesia. Santo Tomás,
por esa misma razón, pone en la Catena Aurea
esta cita: “De aquí deducen los maniqueos que un alma no puede volverse
buena, ni una buena en mala, como si se hubiese dicho: “No puede un árbol bueno
convertirse en malo, ni un árbol malo volverse bueno”. Lo que se ha dicho es: “No
puede un árbol bueno producir malos frutos”, ni lo contrario. El árbol es el
mismo hombre. Los frutos son las acciones del hombre. No puede, por lo tanto,
un hombre malo hacer obras buenas, ni uno bueno hacerlas malas. “Luego, si el
malo quiere obrar bien, es preciso que primero se haga bueno. Mientras uno es
malo, no puede hacer obras buenas. Puede suceder que lo que fue nieve no lo
sea, mas no que la nieve sea caliente. Así puede suceder que el que fue malo no
lo sea, pero no se podrá conseguir que el que es malo haga cosas buenas, pues,
aunque alguna vez es útil, esto no lo hace él, sino que se realiza en él, haciéndolo
la divina Providencia”.
3. Santo Tomás dice en la Suma Teológica (II-II, q. 10, a.4): “Los infieles carecen ciertamente de la gracia; sin embargo, permanece en ellos algún bien de la naturaleza. De donde está claro que los infieles no pueden obrar las obras buenas que proceden de la gracia, a saber, las obras meritorias. Sin embargo, pueden de alguna manera realizar las obras buenas para las que basta el bien de la naturaleza. Luego, no es menester el que pequen en todas sus acciones”. De nuevo: el infiel (árbol malo) puede hacer obras buenas (buenos frutos).
4. El
Concilio Tridentino, s. 6, cn. 7, define que los actos con los que el pecador
se dispone positivamente para la justificación no son pecado. Esta verdad es de
fe divina y católica definida (Dz
817, can. 7): “Si alguno dijere
que las obras que se hacen antes de la justificación, por cualquier razón que
se hagan, son verdaderos pecados o que merecen el odio de Dios; o que cuanto
con mayor vehemencia se esfuerza el hombre en prepararse para la gracia, tanto
más gravemente peca, sea anatema”. Por
“pecador” se entiende a la persona que se encuentra en estado de pecado mortal.
Si al pecador se le aplica la analogía bíblica de los árboles y los frutos, ¿se
le debe calificar como árbol bueno o como árbol malo? como árbol malo, por
supuesto. ¿y esos actos que el pecador es capaz de hacer y que “no son
verdaderos pecados”, ¿son frutos buenos o son frutos malos? obviamente son
frutos buenos. ergo...
5. El P. Maldonado pone, en la cita publicada aquí, esta postura de San Agustín en relación con Trento: “Nor is the opinion (lately condemned, with justice, by the Council of Trent) to be held, that all the works of sinners, or even of infidels, are sin, although S. Augustin himself (iv. 3, Cont. Julian., and iii. 5, Cont. Epist. duos Pelag.] and Prosper (Sentent. cvi.) seem to have held it, and some Catholic divines have defended it. They have, therefore, asserted that a good tree, in that it is good, cannot bring forth evil fruit, nor an evil tree, as it is evil, bring forth good fruit”. Traducción: “Ni es una opinión para sostenerse (condenada últimamente, con justicia, por el Concilio de Trento) que todas las obras de los pecadores, o incluso de los infieles, son pecado, aunque el propio S. Agustín (iv. 3, Cont. Julian., y iii. 5, Cont. Epist. dúos Pelag.) y Próspero (Sentent. cvi.) parecen haberla sostenido, y algunos teólogos católicos han defendido. Ellos han afirmado, entonces, que un buen árbol, en tanto que es bueno, no puede producir mal fruto, ni puede un árbol malo, en tanto que es el malo, producir buen fruto”.
6. Finalmente, una cita lapidaria de la Suma de Teología Escolástica (bac, 1961, vol. 3, pág. 508)
sobre el pasaje de los árboles y los frutos buenos y malos: “Mt 7,18: No
puede árbol bueno dar malos frutos, ni árbol malo frutos buenos; es así que el
pecador es árbol malo, cuyos frutos son sus obras; luego el pecador no puede realizar
obras buenas. Respuesta. a) Cristo habla de los falsos profetas, cuya doctrina de suyo [cursivas nuestras] no puede dar
buenos frutos. b) Devolvemos el argumento, en cuanto que de él se seguiría que
el justo no puede nunca pecar, ya que es árbol bueno; lo cual es falso. c) Las
palabras de Cristo contienen el modo proverbial de expresarse, el cual modo de
hablar indica lo que comúnmente suele acontecer, no en cambio lo que sucede
siempre”.
quarta-feira, 13 de julho de 2016
De árboles y frutos – Padre Maldonado S. J.
José María Hernández
El P. Juan de Maldonado
(Casas de la Reina, 1534-Roma, 1583), teólogo
español, Jesuita desde 1562, fue profesor de filosofía y de teología en París y
trabajó en la contrarreforma católica. Visitador de la provincia de Francia, el
papa Gregorio XIII lo llamó a Roma para la revisión del texto de los Setenta.
Escribió, entre otras obras, un Comentario
a los cuatro Evangelios (1596-1597) y un Comentario a los principales libros del Antiguo Testamento (1643).
El P. Maldonado habla de
parábola de los árboles y frutos buenos y malos en su Commentarii in quatuor Evangelistas. Se trata de una obra clásica en
materia de exégesis bíblica, que contó con todas las aprobaciones exigidas por
la Iglesia en una época marcada por la “Reforma” protestante y por la Contrarreforma
católica. Hemos tenido a la vista una versión en inglés de esa obra: A Comentay on the Holy Gospels, 2ª. ed.,
Catholic Standard Library, John Hodges, London, 1888.
Ponemos acá, en español,
algunos extractos más relevantes de la obra:
«Cristo
llama “árbol” al hombre que tiene fe [en
el sentido de conciencia, según el cual se habla de “buena fe” y de “mala fe”],
sea buena o mala; buen árbol si su fe es buena, árbol malo si ésta es mala. Se
puede objetar que un hombre que tiene buena fe frecuentemente da malos frutos.
Esto no se puede negar; pero Cristo no habla de lo que sucede ocasionalmente,
sino de lo que sucede la mayor parte de las veces, no de lo que suele pasar por
la perversidad humana, sino de la naturaleza de la fe; por la fe, por su propia
naturaleza, si es buena, no da malos frutos, si es mala, no da buenos frutos.»
domingo, 3 de julho de 2016
Têm início o curso e as inscrições para o curso “O Melhor Regime Político segundo S. Tomás (e o atual momento brasileiro)”
C. N.
As
inscrições e o curso já começaram.
As
inscrições fazem-se em cursos.carlosnougue.com.br.
Para a ementa e todos os demais dados do curso (incluídos o valor, as
formas de pagamento, etc.): Aqui.
sábado, 2 de julho de 2016
Por que inscrever-se no curso “O Melhor Regime Político segundo S. Tomás (e o atual momento brasileiro)”
C. N.
O católico deve
inscrever-se nele porque, no mundo convulso em que vivemos, tem de estar mais
munido que nunca da boa doutrina, até para educar nela seus próprios filhos.
O conservador não
católico porque verá a que altura o pode levar Santo Tomás também quanto à política.
O liberal e até o mesmo
esquerdista porque nunca é tarde para mudar segundo a Verdade.
As inscrições e o curso
começam nesta segunda-feira 4 de julho de 2016.
As inscrições se farão
em cursos.carlosnougue.com.br.
Para a ementa e todos os
demais dados do curso (incluídos o valor, as formas de pagamento, etc.): Aqui.
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