Carlos Nougué
Moisés e São
Pedro, árvores boas, pecaram ou não pecaram? E o pecado é um bom fruto? E
Balaão, árvore má, profetizou ou não profetizou verdadeiramente? E a profecia é
um mau fruto? E você, jovem sofista, nunca pecou? Espero sinceramente que,
apesar disso, seja uma árvore boa. Etc. Nada disto nega o dito por Cristo:
porque se trata de outro aspecto da questão. Reza o princípio da
contradição: Algo é e não pode não ser este mesmo algo ao mesmo tempo e pelo
mesmo aspecto – o que é o mesmo que dizer: Algo é e pode ser outro algo por
outro aspecto.
A vida moral de quase todos é cheia deste outro
aspecto. É o que se lê na própria citação de Rábano que o sofista faz sem
entender: “O homem se considera como árvore boa ou má
segundo sua vontade seja boa ou má. Os frutos são suas ações, que não
podem ser boas quando são produtos de uma má vontade, nem más quando o são de uma boa. O homem se considera como árvore boa ou má segundo sua vontade seja boa
ou má”. Insista-se: quem além de Cristo, de sua Mãe e talvez de alguns poucos
santos nunca teve uma vontade má? Você, jovem sofista?
E basta: porque, com efeito, não nos devemos
degradar discutindo interminavelmente com quem se move por pura ignorância
soberba.