C. N.
Como digo na Suma Gramatical
da Língua Portuguesa, maior formalidade à língua falada não
lha dá a Gramática ou arte da escrita, mas a Eloquência, em ordem à Retórica. E
um dos princípios da Eloquência é o pronunciar os fonemas de dada língua de
maneira a mais marcante para o ouvido, e de maneira a mais distintiva. Assim, por
exemplo, importa usar preferentemente o erre
vibrante alveolar múltiplo (o dos gaúchos), e não reduzir a u o ele
de fim de sílaba (“mal” e não “mau”, justamente porque mal é advérbio e mau é adjetivo; mas também “algum”
e não “augum”). É o que tento fazer em
meus cursos on-line ou presenciais e
em minhas palestras. Não o inventei eu, obviamente; ouvi-o e aprendi-o na
infância e na adolescência até de cantores populares cariocas, mas muito
especialmente de professores, e ainda de políticos como Carlos Lacerda (1914-1977), também
carioca. Este parlamentar e estadista, de dignidade e de elevação praticamente
inexistentes entre os políticos atuais – ainda que não se possa assentir a
algumas de suas posições, o que é assunto para outro lugar –, este parlamentar
e estadista era, ademais, um exemplo de rétor, de orador. Escutai-o pelos links abaixo, e fazei uma ideia da
enormidade do que se perdeu neste país, em termos de cultura, ao cabo de parcos cinquenta
anos.