sábado, 26 de dezembro de 2015
quinta-feira, 24 de dezembro de 2015
A todos um santo e feliz Natal / A todos una santa y feliz Navidad
quarta-feira, 23 de dezembro de 2015
“Como é possível milagre fora da Igreja Católica”, pelo Cardeal Lépicier*
«Põe-se aqui
uma grave questão: pode haver milagre fora da Igreja Católica? Nossa resposta é que se pode, em verdade, sustentar a possibilidade e até a existência
de verdadeiros milagres fora da religião católica. Isso não pode dar-se por uma
lei ordinária, mas somente por exceção e em casos isolados, e jamais fora do
fim que distingue a verdadeira religião de Jesus Cristo. Por isso dizemos que o
milagre pode dar-se fora do corpo desta religião, mas não fora de sua alma. Como
fato sistemático, que constitui, por assim dizer, um sistema, um todo harmonioso
governado por princípios invariáveis e por uma lei fixa, o milagre existe somente
na religião que se intitula universal ou católica, porque fundada pela Causa Primeira
que reuniu tudo, e em favor da qual foram operados os milagres mesmos da antiga
lei.
Em verdade, pode
admitir-se que, de maneira excepcional, e em casos isolados, o milagre se dê fora
do corpo da religião católica, sendo livre o Espírito Santo para escolher seus
instrumentos por onde quer que queira. Isso não deve constituir nenhuma dificuldade,
sobretudo se o taumaturgo é um homem de vida santa e não busca outra coisa em suas
obras que a honra de Deus.
Será bom, a este respeito, lembrar aqui o que lemos em São Marcos. Tendo dito a
Jesus o Apóstolo João: “Mestre, vimos um homem, que não vai conosco, expulsar os
demônios em vosso nome, e lho impedimos”, Nosso Senhor falou nestes termos: “Não
o impeçais, pois ninguém pode fazer milagre em meu nome e logo depois falar mal
de mim. Quem não é contra vós é por vós”. Isto equivale a dizer que, se algum milagre
se cumpre por um homem fora do corpo da Igreja de Jesus Cristo, tal fato é necessariamente
ordenado à manifestação da verdade pregada pelo Salvador, e de modo algum em
favor do erro.
É neste sentido
que se devem explicar os milagres atribuídos, em tempos muito próximos dos nossos,
a um padre ortodoxo grego de grande piedade, chamado Ivã ou João Serguief, da
principal igreja de Cronstadt. O renome de santidade deste padre era tal que, no
mês de outubro de 1894, o imperador Alexandre III, morrendo, o chamou na
esperança de obter por sua intercessão um alívio para seus sofrimentos.
Tais milagres,
supondo-os autênticos, seriam fatos isolados, cumpridos aparentemente fora da
Igreja Católica, mas lhe pertenceriam de direito, porque não tinham por objeto a
confirmação de uma falsa doutrina, mas antes a recompensa de uma santidade em
harmonia com os princípios proclamados precisamente pela Igreja Católica. Tais milagres
teriam tido pois por fim fornecer novas provas da existência da ordem sobrenatural.
Santo Agostinho
expõe luminosamente esta verdade quando, comentando precisamente o fato contado
por São Marcos na passagem há pouco citada, explica que as palavras pronunciadas
então por Nosso Senhor: “Quem não é contra vós é por vós”, não contradizem as referidas
em São Mateus: “Quem não está comigo é contra mim”. “Nesse caso”, diz o santo Doutor
de Hipona (o daquele que expulsara o demônio), “ele não era contra os discípulos,
mas, ao contrário, era por eles, enquanto operava curas pelo nome de Cristo... Ele
devia ser confirmado na veneração de tal nome e, portanto, não era contra Igreja,
mas pela Igreja.” Lembremos ainda, aqui, o episódio tão interessante contado no
livro dos Números. Dois indivíduos, Eldad e Medad, embora não tivessem ido com
os outros ao tabernáculo, profetizaram todavia no campo na ausência e sem o
conhecimento de Moisés. O chefe do povo de Deus, tendo-o sabido, quis que eles
fossem deixados livres para profetizar.»
* * *
Ademais, “A
generalidade dos Padres e dos teólogos admitiu a possibilidade de milagres
entre os hereges”, como se lê no prestigioso DTC:
____
* Sobre el Card. Lépicier:
segunda-feira, 21 de dezembro de 2015
Até 2016
C. N.
Se não surgir nenhuma
necessidade extraordinária que nos faça agir em contrário, daremos por
encerradas as atividades de Estudos
Tomistas em 2015 após o hangout
de hoje sobre a fé. (Mas, naturalmente, a página continuará no ar.) É tempo de Natal, tempo máximo do sagrado e do familiar.
Voltaremos no início de 2016.
Muito
obrigado a todos por tudo (até ao adversário havemos de agradecer-lhe as objeções
e a oportunidade de responder a elas), tende todos um santo e feliz Natal, e,
uma vez mais, que se nos permita recomendar uma postagem de nossa página A
Boa Música: Corelli - Concerto
Grosso op. 6, n°8 - 'Feito para a Noite de Natal'. Uma delicada beleza
barroca.
Vide ainda: Balanço de nosso trabalho em 2015, e projetos para 2016 (incluindo novo curso franco: Refutação das Principais Doutrinas Antiaristotélicas)
Vide ainda: Balanço de nosso trabalho em 2015, e projetos para 2016 (incluindo novo curso franco: Refutação das Principais Doutrinas Antiaristotélicas)
quinta-feira, 17 de dezembro de 2015
A ordem compositiva e a pedagógica da Lógica
C. N.
1) Antes de mais, a Lógica ocupa-se dos atos das duas operações da razão enquanto intelecto (a simples apreensão ou inteligência dos incomplexos, e a composição intelectual), estudados respectivamente nas Categorias ou Predicamentos (com o acréscimo, posterior, do porfiriano Isagoge ou Tratado dos Predicáveis) e no Perihermeneias do Estagirita;
2) depois,
ocupa-se dos atos da operação da razão
enquanto razão (ou seja, os atos em que se vai do conhecido ao
desconhecido), os quais por sua vez também se subdividem:
•
em discurso sempre verdadeiro (ou seja, sua parte
judicativa e resolutiva ou analítica), o qual depende
tanto da figura do silogismo – tratada nos Primeiros
Analíticos – como das relações de necessidade dos conceitos, na demonstração – tratada nos Segundos
Analíticos;
•
em discurso provável ou parte inventiva, que, com
gradação de maior para menor certeza, se subdivide ainda em a) dialética [ou
seja, a fé (não a teologal) e a opinião], b) suspeita de verdade e c) indução
por sentimento, estudadas respectivamente nos Tópicos, na Retórica
e na Poética;
•
e, por fim, em discurso falso com aparência de verdade, tratado nas Refutações
Sofísticas.
Observem-se
duas coisas importantes:
1)
o ordo compositionis obriga a considerar as três operações da
razão, como acima, em sua ordem própria;
2)
pareceria que a ordem pedagógica acima exposta estivesse invertida, porque o
homem de fato só pouco a pouco se aproxima da ciência, ou seja, vai do falso ao
apodíctico passando pelo verossímil; sucede porém que o ordo
sustentationis e pois a ordem pedagógica não podem senão ir, ao
contrário, do perfeito ou necessário ao imperfeito e ao falso.[1]
[1] Com efeito, não se poderia precisar, por
exemplo, se um argumento é mais ou menos verossímil se não se soubesse qual é o
argumento verdadeiro, que sempre será a régua ou regra com que se mede
aquele.
quarta-feira, 16 de dezembro de 2015
terça-feira, 15 de dezembro de 2015
A calúnia é uma brisa sutil, mas ribomba como tiro de canhão
PADRE CURZIO NITOGLIA
18 de outubro de 2014
[Tradução: Gederson
Falcometa]
[Nota prévia.
Como se verá, permitimo-nos
fazer uma nota de esclarecimento ao artigo do Padre Nitoglia.]
“O
homem faz o mal totalmente, perfeitamente
e
felizmente apenas quando o faz por motivos
‘místico-religiosos’
ou messiânicos.”
Blaise Pascal
A doutrina tomista
Santo Tomás de Aquino
trata na Suma Teológica (II-II, q.
72-75) as injustiças que se cumprem com palavras, depois de ter examinado as
que se cumprem com ações (q. 64). Aquelas são as injúrias verbais, a detração,
a murmuração e a derrisão. Infelizmente estes vícios são muito difusos, pouco
levados a sério e quase nunca combatidos mesmo em ambientes católicos ligados à
Tradição, enquanto constituem em si pecado mortal. Busquemos ver sua natureza, sua
gravidade, e quais são os remédios para derrotá-los.
As injúrias verbais
Na questão 72 o Aquinate
trata da “contumélia”, ou seja, a injúria verbal não feita pelas costas ou
“traiçoeiramente”, mas abertamente. “Contumélia” deriva do verbo latino contemmere, isto é, desprezar ou
insultar clamorosamente e em face. É distinta da injúria, que é uma ação que
afeta o direito dos outros (in-jus)
com ações: espancamento, etc. Ora, o Angélico nota que, embora as palavra não
façam fisicamente mal (a. 1, ad 1), enquanto todavia as palavras significam
coisas, podem causar muitos danos. A contumélia ou injúria verbal afeta a honra;
a difamação ou detração afeta a boa fama; e a derrisão ou escárnio suprime o
respeito.
segunda-feira, 14 de dezembro de 2015
domingo, 13 de dezembro de 2015
quinta-feira, 10 de dezembro de 2015
Palestras de Carlos Nougué sobre o tomismo na UFBA
Palestras sobre o tomismo de Carlos Nougué na UFBA, em 5 de dezembro de
2015, no Circuito dos Clássicos.
Na primeira gravação a pilha do gravador acabou com 1h17min na parte da
redução ao absurdo da doutrina de Freud. Uns 15 a 30min talvez tenham sido
perdidos.
A segunda gravação, da aula das 13h, está completa.
Caso queiram fazer download,
vão com o botão direito no link e peçam que salve o destino na máquina. Mesmo
com tradução de .wav para .mp3 ficaram arquivos pesados, porque a qualidade do áudio
está fina.
quarta-feira, 9 de dezembro de 2015
terça-feira, 8 de dezembro de 2015
“Se os maus podem fazer milagres” (Santo Tomás de Aquino, Suma Teológica, II-II, q. 178, a. 2)
«Quanto ao segundo, assim se procede. Parece que os maus não podem fazer milagres.
1. Com efeito, os milagres obtêm-se pela oração. Ora, a oração do
pecador não merece ser ouvida, como se diz no Evangelho de João (9, 31): “Nós sabemos que Deus não ouve os pecadores”, e no livro dos Provérbios (28, 9): “De
quem desvia seus ouvidos para não ouvir a Lei, até a oração será execrável”. Logo, parece que os maus não podem fazer milagres.
2. Ademais, os milagres atribuem-se à fé, segundo o de Mateus 17, 19: “Se tiverdes fé como um grão de mostarda
direis a este monte: Transporta-te daqui para lá, e ele transportar-se-á”.
Ora, “a fé sem obras é morta”,
diz a Epístola de Tiago (2, 20); assim, ela não parece ter operação própria. Por
conseguinte, parece que os maus, que não praticam boas obras, não podem fazer
milagres.
3. Ademais, os milagres são testemunhos divinos, pois se lê na Epístola
aos Hebreus (2, 4): “comprovando Deus seu
testemunho por meio de sinais e maravilhas e vários milagres” . Por
isso, na Igreja alguns são canonizados pelo testemunho dos milagres. Ora, Deus
não pode ser testemunha do erro. Parece, portanto, que os maus não podem fazer
milagres.
4. Ademais, os bons estão mais unidos a Deus que os maus. Ora, nem todos
os bons fazem milagres. Logo, muito menos os maus.
Mas, em sentido
contrário, diz o Apóstolo na primeira Epístola aos
Coríntios (13, 2): “Ainda que eu tivesse toda
a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tiver caridade, não sou nada”. Ora, todo aquele que não tem caridade é mau; “É este só dom do Espírito Santo o que
distingue os filhos do Reino dos filhos da perdição”, diz Agostinho em
XV de Trin. Parece, portanto, que até
os maus podem fazer milagres.
RESPONDO. Deve dizer-se que, entre os
milagres, há os que não são verdadeiros, mas [meros] fatos fantásticos, que
enganam o homem fazendo-o ver o que não é. Outros são fatos reais, ainda que
não mereçam verdadeiramente o nome de milagres, pois que são produzidos por certas
causas naturais. E estas duas categorias de milagres podem ser feitas pelos
demônios. Mas os verdadeiros milagres não podem ser feitos senão pela virtude divina,
pois Deus os produz para utilidade do homem. E isto de dois modos. Primeiro,
para confirmar a verdade sagrada. Segundo, para manifestar a
santidade de alguém, que Deus quer propor como exemplo de santidade. Ora, no
primeiro caso, os milagres podem ser feitos por todos os que pregam a
verdadeira fé e invocam o nome de Cristo, o que, às vezes, pode ser feito pelos
próprios maus. Por isso, a respeito das palavras de Mateus (7, 22): “acaso não profetizamos em teu nome?”, etc., diz Jerônimo: “Profetizar
ou fazer milagres e expulsar demônios às vezes não vem do mérito de quem o faz,
senão que é a invocação do nome de Cristo o que o faz para que os homens honrem
a Deus, por cuja invocação se fazem tantos milagres”. No segundo caso,
só se fazem milagres pelos santos, para manifestação de sua santidade, já
durante sua vida já depois de sua morte, tanto por eles mesmos como mediante
outros. Assim, lemos nos Atos dos Apóstolos: “Deus fazia milagres pela mão de Paulo; de tal modo que, até quando se
aplicavam aos enfermos os lençóis que tinham tocado seu corpo, saíam deles as
doenças” (19, 11-12). E, desse modo, nada impede que algum pecador faça
milagres por invocação de algum santo. Mas tais milagres não deverão atribuir-se
ao pecador, mas àquele cuja santidade Deus pretende manifestar por meio deles.
1. À primeira objeção, portanto,
deve dizer-se, ao tratar a oração de súplica, que se ela é atendida não o é por
causa do mérito de quem a faz, mas da misericórdia divina, que se estende até aos
maus. Por isso, às vezes Deus ouve também a oração dos pecadores. A esse
respeito, diz Agostinho em super Ioan.:
“O cego pronunciou aquelas palavras
antes de ser ungido”, isto é, antes de ter sido perfeitamente iluminado,
“pois Deus ouve os pecadores”. –
O que diz o livro dos Provérbios, a saber, “a oração do que não ouve a lei é execrável”, é preciso
entendê-lo como referente ao mérito do pecador. No entanto, essa oração às
vezes alcança a misericórdia de Deus, quer para a salvação daquele que ora,
como aconteceu com o publicano de que fala Lucas, quer ainda para a salvação
dos outros e para glória de Deus.
2. À segunda deve dizer-se que
a fé sem as obras é morta, quando aquele que crê não vive por ela a vida da
graça. Mas nada impede que um vivo opere por um instrumento morto, assim como
um homem que age por meio de um bastão. E é assim que Deus utiliza como de um instrumento
a fé do pecador.
3. À terceira deve dizer-se
que os milagres são sempre verdadeiros testemunhos daquilo que confirmam. Por
isso, os maus que ensinam falsas doutrinas não poderiam jamais fazer
verdadeiros milagres para confirmar seu ensinamento, embora, às vezes, possam fazê-los
em nome de Cristo, que eles invocam, e pela virtude dos sacramentos que
administram. Mas aqueles que anunciam doutrinas verdadeiras fazem às vezes
verdadeiros milagres, para confirmá-las, mas não para atestar sua santidade.
Por isso, diz Agostinho no livro Octoginta
trium Quaest.: “Há grande
diferença entre os milagres dos magos, os dos bons cristãos e os dos maus
cristãos: os magos fazem-nos por pactos particulares com os demônios; os bons
cristãos, em virtude da justiça pública; os maus cristãos, por sinais desta
justiça”.
4. À quarta deve dizer-se o
que diz Agostinho no mesmo lugar: “Não
se concede a todos os santos fazer milagres, para que os fracos não caiam no
erro perniciosíssimo de pensar que em tais fatos haja dons maiores do que nas
obras de justiça, que se ordenam à vida eterna”.»
Observação de C. N. Está
suposto neste artigo de Santo Tomás que somente ao magistério da Igreja (quando
cingido, propriamente ou analogamente, das quatro condições vaticanas) se reserva a infalibilidade
quanto ao caráter de todo e qualquer milagre. – Ademais, no artigo de Santo Tomás “maus” está antes por “pecadores” em geral do que por “heréticos” em particular (embora estes também se incluam: “os maus que ensinam falsas doutrinas...”). Mas nos dias atuais grassa a heresia como nunca antes, além de os sacramentos pós-conciliares suscitarem dúvidas graves. Especialmente nestes dias, por conseguinte, havemos de armar-nos da
mais fina prudência diante de fatos ou eventos aparentemente miraculosos. De ordinário havemos de calar-nos.
A eloquência de Carlos Lacerda
C. N.
Como digo na Suma Gramatical
da Língua Portuguesa, maior formalidade à língua falada não
lha dá a Gramática ou arte da escrita, mas a Eloquência, em ordem à Retórica. E
um dos princípios da Eloquência é o pronunciar os fonemas de dada língua de
maneira a mais marcante para o ouvido, e de maneira a mais distintiva. Assim, por
exemplo, importa usar preferentemente o erre
vibrante alveolar múltiplo (o dos gaúchos), e não reduzir a u o ele
de fim de sílaba (“mal” e não “mau”, justamente porque mal é advérbio e mau é adjetivo; mas também “algum”
e não “augum”). É o que tento fazer em
meus cursos on-line ou presenciais e
em minhas palestras. Não o inventei eu, obviamente; ouvi-o e aprendi-o na
infância e na adolescência até de cantores populares cariocas, mas muito
especialmente de professores, e ainda de políticos como Carlos Lacerda (1914-1977), também
carioca. Este parlamentar e estadista, de dignidade e de elevação praticamente
inexistentes entre os políticos atuais – ainda que não se possa assentir a
algumas de suas posições, o que é assunto para outro lugar –, este parlamentar
e estadista era, ademais, um exemplo de rétor, de orador. Escutai-o pelos links abaixo, e fazei uma ideia da
enormidade do que se perdeu neste país, em termos de cultura, ao cabo de parcos cinquenta
anos.
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