RESPOSTAS DO PROFESSOR
NO CORPO DO E-MAIL DO ALUNO
I) No
exemplo de uma estátua de Apolo esculpida por um escultor: a figura externa de
Apolo que o escultor esculpiu não é uma forma acidental no sentido metafísico
da palavra, ou seja, não há causa formal ou principio metafisico constitutivo?
RESPOSTA. Sim, toda e qualquer forma artística, a forma de qualquer artefato
é uma forma acidental: assim, um Apolo de mármore é uma forma acidental do
mármore, que por sua vez tem forma substancial. – Mas sua causa formal é a
mente do artista; e a quididade da estátua está tanto na mente no artista como
na mente de quem contempla a estátua, não nesta mesma.
II) Os
estudos feitos sobre a inteligência artificial atualmente no MIT nos Estados
Unidos podem produzir um artefato com um software que simule aproximadamente as
três operações do intelecto humano?
RESPOSTA. Não conheço tais estudos. Estou certo porém de que, se podem
simulá-las, não podem igualar as
operações de nosso intelecto. Em que sentido o digo? No sentido de que, como os
robôs e os computadores, tal inteligência não poderá ser senão uma espécie de
extensão de nós, como o são aliás os instrumentos e as máquinas mecânicas; e,
como estes, sempre dependerão não só da fabricação do próprio homem, mas de sua
operação. E por que não as podem igualar? Porque as três operações de nosso intelecto
são operações de uma alma espiritual, e só Deus pode infundir uma alma
espiritual – e, ainda assim, é preciso um corpo informado por ela e ordenado a
ela. Pode imaginar-se (fora da literatura) um asno com alma espiritual? Ou se
requerem para tê-la todos os atributos do corpo humano (bipedalidade, postura
ereta, certa configuração do tronco e dos membros, a complexidade e o tamanho
do cérebro, sentidos externos e internos predisponentes para a intelecção, a capacidade
da fala com seu respectivo aparelho fonador, etc.)? Pois, se não se pode
admitir um asno espiritual, muito menos se pode admitir uma máquina verdadeiramente
intelectual.
III) Os
inimigos da Escolástica dizem que toda a energia da Idade Média foi dirigida
para o intelecto especulativo, daí o grande atraso nas ciências naturais. O que
o Senhor pensa a respeito? Na minha opinião atualmente não existem grandes
teóricos da ciências, os prêmios conferidos aos cientistas são por descobertas
atinentes mais a experiências do que à pura ciência.
RESPOSTA. Divido-a:
a) Antes de tudo, as ciências ditas modernas, se de fato são ciências (o
que discutiremos, em nosso curso, na Introdução à Física Geral), são-no num
sentido preciso: são ramos da Física Geral. Quanto à Física moderna, tende a constituir
uma ciência média e matemática, como já o previra Santo Tomás de Aquino.
b) Mas atenção: tais ciências são tão especulativas como o são a Física
Geral, a Matemática e a Metafísica. Qual o contrário de especulativo? Prático.
Pois bem, ciências práticas são a
Ética e a Política (enquanto a Medicina, a Engenharia, a Música... são artes em diversos sentidos). Por isso
mesmo é que ser experimental não pode ser o contrário de especulativo. Sucede
apenas que as referidas ciências modernas (e se se quiser experimentais), se
forem ciências, serão ramos da Física Geral, como já dito e como veremos no
curso.