quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

A todos um santo e feliz Natal / A todos una santa y feliz Navidad


La Adoración de los Pastores (Francisco de Zurbarán)



        LAS PAJAS DEL PESEBRE
    [Lope de Vega]

      Las pajas del pesebre,
       Niño de Belén,
        hoy son flores y rosas,
        mañana serán hiel.


        Lloráis entre las pajas
        del frío que tenéis,
        hermoso Niño mío,
        y del calor también.


        Dormid, Cordero santo;
        mi vida, no lloréis;
        que, si os escucha el lobo,
        vendrá por Vos, mi bien.


        Dormid entre las pajas,
        que, aunque frías las veis,
        hoy son flores y rosas,
        mañana serán hiel.


        Las que para abrigaros
        tan blandas hoy se ven
        serán mañana espinas
        en corona crüel.


        Mas no quiero deciros,
        aunque Vos lo sabéis,
        palabras de pesar
        en días de placer;


        que, aunque tan grandes deudas
        en pajas las cobréis,
        hoy son flores y rosas,
        mañana serán hiel.


        Dejad el tierno llanto,
        divino Emanüel,
        que perlas entre pajas
        se pierden sin por qué.


        No piense vuestra Madre
        que ya Jerusalén
        previene sus dolores
        y llora con José;


       que, aunque pajas no sean
       corona para rey,
       hoy son flores y rosas,
       mañana serán hiel.


quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Veni, Veni, Emmanuel

“Como é possível milagre fora da Igreja Católica”, pelo Cardeal Lépicier*


«Põe-se aqui uma grave questão: pode haver milagre fora da Igreja Católica? Nossa resposta é que se pode, em verdade, sustentar a possibilidade e até a existência de verdadeiros milagres fora da religião católica. Isso não pode dar-se por uma lei ordinária, mas somente por exceção e em casos isolados, e jamais fora do fim que distingue a verdadeira religião de Jesus Cristo. Por isso dizemos que o milagre pode dar-se fora do corpo desta religião, mas não fora de sua alma. Como fato sistemático, que constitui, por assim dizer, um sistema, um todo harmonioso governado por princípios invariáveis e por uma lei fixa, o milagre existe somente na religião que se intitula universal ou católica, porque fundada pela Causa Primeira que reuniu tudo, e em favor da qual foram operados os milagres mesmos da antiga lei.
Em verdade, pode admitir-se que, de maneira excepcional, e em casos isolados, o milagre se dê fora do corpo da religião católica, sendo livre o Espírito Santo para escolher seus instrumentos por onde quer que queira. Isso não deve constituir nenhuma dificuldade, sobretudo se o taumaturgo é um homem de vida santa e não busca outra coisa em suas obras que a honra de Deus.
Será bom, a este respeito, lembrar aqui o que lemos em São Marcos. Tendo dito a Jesus o Apóstolo João: “Mestre, vimos um homem, que não vai conosco, expulsar os demônios em vosso nome, e lho impedimos”, Nosso Senhor falou nestes termos: “Não o impeçais, pois ninguém pode fazer milagre em meu nome e logo depois falar mal de mim. Quem não é contra vós é por vós”. Isto equivale a dizer que, se algum milagre se cumpre por um homem fora do corpo da Igreja de Jesus Cristo, tal fato é necessariamente ordenado à manifestação da verdade pregada pelo Salvador, e de modo algum em favor do erro.
É neste sentido que se devem explicar os milagres atribuídos, em tempos muito próximos dos nossos, a um padre ortodoxo grego de grande piedade, chamado Ivã ou João Serguief, da principal igreja de Cronstadt. O renome de santidade deste padre era tal que, no mês de outubro de 1894, o imperador Alexandre III, morrendo, o chamou na esperança de obter por sua intercessão um alívio para seus sofrimentos.
Tais milagres, supondo-os autênticos, seriam fatos isolados, cumpridos aparentemente fora da Igreja Católica, mas lhe pertenceriam de direito, porque não tinham por objeto a confirmação de uma falsa doutrina, mas antes a recompensa de uma santidade em harmonia com os princípios proclamados precisamente pela Igreja Católica. Tais milagres teriam tido pois por fim fornecer novas provas da existência da ordem sobrenatural.
Santo Agostinho expõe luminosamente esta verdade quando, comentando precisamente o fato contado por São Marcos na passagem há pouco citada, explica que as palavras pronunciadas então por Nosso Senhor: “Quem não é contra vós é por vós”, não contradizem as referidas em São Mateus: “Quem não está comigo é contra mim”. “Nesse caso”, diz o santo Doutor de Hipona (o daquele que expulsara o demônio), “ele não era contra os discípulos, mas, ao contrário, era por eles, enquanto operava curas pelo nome de Cristo... Ele devia ser confirmado na veneração de tal nome e, portanto, não era contra Igreja, mas pela Igreja.” Lembremos ainda, aqui, o episódio tão interessante contado no livro dos Números. Dois indivíduos, Eldad e Medad, embora não tivessem ido com os outros ao tabernáculo, profetizaram todavia no campo na ausência e sem o conhecimento de Moisés. O chefe do povo de Deus, tendo-o sabido, quis que eles fossem deixados livres para profetizar.»


* * *

Ademais, “A generalidade dos Padres e dos teólogos admitiu a possibilidade de milagres entre os hereges”, como se lê no prestigioso DTC 

     

____
* Sobre el Card. Lépicier: 

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Até 2016

C. N.

Se não surgir nenhuma necessidade extraordinária que nos faça agir em contrário, daremos por encerradas as atividades de Estudos Tomistas em 2015 após o hangout de hoje sobre a fé. (Mas, naturalmente, a página continuará no ar.) É tempo de Natal, tempo máximo do sagrado e do familiar. Voltaremos no início de 2016.

Muito obrigado a todos por tudo (até ao adversário havemos de agradecer-lhe as objeções e a oportunidade de responder a elas), tende todos um santo e feliz Natal, e, uma vez mais, que se nos permita recomendar uma postagem de nossa página A Boa Música: Corelli - Concerto Grosso op. 6, n°8 - 'Feito para a Noite de Natal'. Uma delicada beleza barroca.

     Vide ainda: Balanço de nosso trabalho em 2015, e projetos para 2016 (incluindo novo curso franco: Refutação das Principais Doutrinas Antiaristotélicas)

Quinto hangout de Questões Teológicas: A Fé - V (21/12, às 21 horas)


quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

A ordem compositiva e a pedagógica da Lógica

C. N.

     1) Antes de mais, a Lógica ocupa-se dos atos das duas operações da razão enquanto intelecto (a simples apreensão ou inteligência dos incomplexos, e a composição intelectual), estudados respectivamente nas Categorias ou Predicamentos (com o acréscimo, posterior, do porfiriano Isagoge ou Tratado dos Predicáveis) e no Perihermeneias do Estagirita;
 2) depois, ocupa-se dos atos da operação da razão enquanto razão (ou seja, os atos em que se vai do conhecido ao desconhecido), os quais por sua vez também se subdividem:
• em discurso sempre verdadeiro (ou seja, sua parte judicativa e resolutiva ou analítica), o qual depende tanto da figura do silogismo – tratada nos Primeiros Analíticos – como das relações de necessidade dos conceitos, na demonstração – tratada nos Segundos Analíticos;
• em discurso provável ou parte inventiva, que, com gradação de maior para menor certeza, se subdivide ainda em a) dialética [ou seja, a fé (não a teologal) e a opinião], b) suspeita de verdade e c) indução por sentimento, estudadas respectivamente nos Tópicos, na Retórica e na Poética;
• e, por fim, em discurso falso com aparência de verdade, tratado nas Refutações Sofísticas.
Observem-se duas coisas importantes:
1) o ordo compositionis obriga a considerar as três operações da razão, como acima, em sua ordem própria;
2) pareceria que a ordem pedagógica acima exposta estivesse invertida, porque o homem de fato só pouco a pouco se aproxima da ciência, ou seja, vai do falso ao apodíctico passando pelo verossímil; sucede porém que o ordo sustentationis e pois a ordem pedagógica não podem senão ir, ao contrário, do perfeito ou necessário ao imperfeito e ao falso.[1] 




[1] Com efeito, não se poderia precisar, por exemplo, se um argumento é mais ou menos verossímil se não se soubesse qual é o argumento verdadeiro, que sempre será a régua ou regra com que se mede aquele. 

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

A calúnia é uma brisa sutil, mas ribomba como tiro de canhão


PADRE CURZIO NITOGLIA
18 de outubro de 2014

[Tradução: Gederson Falcometa]

[Nota prévia. Como se verá, permitimo-nos fazer uma nota de esclarecimento ao artigo do Padre Nitoglia.]


“O homem faz o mal totalmente, perfeitamente
e felizmente apenas quando o faz por motivos
‘místico-religiosos’ ou messiânicos.”
Blaise Pascal


A doutrina tomista

Santo Tomás de Aquino trata na Suma Teológica (II-II, q. 72-75) as injustiças que se cumprem com palavras, depois de ter examinado as que se cumprem com ações (q. 64). Aquelas são as injúrias verbais, a detração, a murmuração e a derrisão. Infelizmente estes vícios são muito difusos, pouco levados a sério e quase nunca combatidos mesmo em ambientes católicos ligados à Tradição, enquanto constituem em si pecado mortal. Busquemos ver sua natureza, sua gravidade, e quais são os remédios para derrotá-los.

As injúrias verbais

Na questão 72 o Aquinate trata da “contumélia”, ou seja, a injúria verbal não feita pelas costas ou “traiçoeiramente”, mas abertamente. “Contumélia” deriva do verbo latino contemmere, isto é, desprezar ou insultar clamorosamente e em face. É distinta da injúria, que é uma ação que afeta o direito dos outros (in-jus) com ações: espancamento, etc. Ora, o Angélico nota que, embora as palavra não façam fisicamente mal (a. 1, ad 1), enquanto todavia as palavras significam coisas, podem causar muitos danos. A contumélia ou injúria verbal afeta a honra; a difamação ou detração afeta a boa fama; e a derrisão ou escárnio suprime o respeito.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Palestras de Carlos Nougué sobre o tomismo na UFBA


Palestras sobre o tomismo de Carlos Nougué na UFBA, em 5 de dezembro de 2015, no Circuito dos Clássicos.


Na primeira gravação a pilha do gravador acabou com 1h17min na parte da redução ao absurdo da doutrina de Freud. Uns 15 a 30min talvez tenham sido perdidos.
A segunda gravação, da aula das 13h, está completa.
Caso queiram fazer download, vão com o botão direito no link e peçam que salve o destino na máquina. Mesmo com tradução de .wav para .mp3 ficaram arquivos pesados, porque a qualidade do áudio está fina.

Aula 5 de A Ordem das Disciplinas - A Arte de Traduzir

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

“Se os maus podem fazer milagres” (Santo Tomás de Aquino, Suma Teológica, II-II, q. 178, a. 2)


«Quanto ao segundo, assim se procede. Parece que os maus não podem fazer milagres.

1. Com efeito, os milagres obtêm-se pela oração. Ora, a oração do pecador não merece ser ouvida, como se diz no Evangelho de João (9, 31): “Nós sabemos que Deus não ouve os pecadores”, e no livro dos Provérbios (28, 9): “De quem desvia seus ouvidos para não ouvir a Lei, até a oração será execrável”. Logo, parece que os maus não podem fazer milagres.
2. Ademais, os milagres atribuem-se à fé, segundo o de Mateus 17, 19: “Se tiverdes fé como um grão de mostarda direis a este monte: Transporta-te daqui para lá, e ele transportar-se-á”. Ora, “a fé sem obras é morta”, diz a Epístola de Tiago (2, 20); assim, ela não parece ter operação própria. Por conseguinte, parece que os maus, que não praticam boas obras, não podem fazer milagres.
3. Ademais, os milagres são testemunhos divinos, pois se lê na Epístola aos Hebreus (2, 4): “comprovando Deus seu testemunho por meio de sinais e maravilhas e vários milagres” . Por isso, na Igreja alguns são canonizados pelo testemunho dos milagres. Ora, Deus não pode ser testemunha do erro. Parece, portanto, que os maus não podem fazer milagres.
4. Ademais, os bons estão mais unidos a Deus que os maus. Ora, nem todos os bons fazem milagres. Logo, muito menos os maus.

Mas, em sentido contrário, diz o Apóstolo na primeira Epístola aos Coríntios (13, 2): “Ainda que eu tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tiver caridade, não sou nada”. Ora, todo aquele que não tem caridade é mau; “É este só dom do Espírito Santo o que distingue os filhos do Reino dos filhos da perdição”, diz Agostinho em XV de Trin. Parece, portanto, que até os maus podem fazer milagres.

RESPONDO. Deve dizer-se que, entre os milagres, há os que não são verdadeiros, mas [meros] fatos fantásticos, que enganam o homem fazendo-o ver o que não é. Outros são fatos reais, ainda que não mereçam verdadeiramente o nome de milagres, pois que são produzidos por certas causas naturais. E estas duas categorias de milagres podem ser feitas pelos demônios. Mas os verdadeiros milagres não podem ser feitos senão pela virtude divina, pois Deus os produz para utilidade do homem. E isto de dois modos. Primeiro, para confirmar a verdade sagrada. Segundo, para manifestar a santidade de alguém, que Deus quer propor como exemplo de santidade. Ora, no primeiro caso, os milagres podem ser feitos por todos os que pregam a verdadeira fé e invocam o nome de Cristo, o que, às vezes, pode ser feito pelos próprios maus. Por isso, a respeito das palavras de Mateus (7, 22): “acaso não profetizamos em teu nome?”, etc., diz Jerônimo: “Profetizar ou fazer milagres e expulsar demônios às vezes não vem do mérito de quem o faz, senão que é a invocação do nome de Cristo o que o faz para que os homens honrem a Deus, por cuja invocação se fazem tantos milagres”. No segundo caso, só se fazem milagres pelos santos, para manifestação de sua santidade, já durante sua vida já depois de sua morte, tanto por eles mesmos como mediante outros. Assim, lemos nos Atos dos Apóstolos: “Deus fazia milagres pela mão de Paulo; de tal modo que, até quando se aplicavam aos enfermos os lençóis que tinham tocado seu corpo, saíam deles as doenças” (19, 11-12). E, desse modo, nada impede que algum pecador faça milagres por invocação de algum santo. Mas tais milagres não deverão atribuir-se ao pecador, mas àquele cuja santidade Deus pretende manifestar por meio deles.

1. À primeira objeção, portanto, deve dizer-se, ao tratar a oração de súplica, que se ela é atendida não o é por causa do mérito de quem a faz, mas da misericórdia divina, que se estende até aos maus. Por isso, às vezes Deus ouve também a oração dos pecadores. A esse respeito, diz Agostinho em super Ioan.: “O cego pronunciou aquelas palavras antes de ser ungido”, isto é, antes de ter sido perfeitamente iluminado, “pois Deus ouve os pecadores”. – O que diz o livro dos Provérbios, a saber, “a oração do que não ouve a lei é execrável”, é preciso entendê-lo como referente ao mérito do pecador. No entanto, essa oração às vezes alcança a misericórdia de Deus, quer para a salvação daquele que ora, como aconteceu com o publicano de que fala Lucas, quer ainda para a salvação dos outros e para glória de Deus.
2. À segunda deve dizer-se que a fé sem as obras é morta, quando aquele que crê não vive por ela a vida da graça. Mas nada impede que um vivo opere por um instrumento morto, assim como um homem que age por meio de um bastão. E é assim que Deus utiliza como de um instrumento a fé do pecador.
3. À terceira deve dizer-se que os milagres são sempre verdadeiros testemunhos daquilo que confirmam. Por isso, os maus que ensinam falsas doutrinas não poderiam jamais fazer verdadeiros milagres para confirmar seu ensinamento, embora, às vezes, possam fazê-los em nome de Cristo, que eles invocam, e pela virtude dos sacramentos que administram. Mas aqueles que anunciam doutrinas verdadeiras fazem às vezes verdadeiros milagres, para confirmá-las, mas não para atestar sua santidade. Por isso, diz Agostinho no livro Octoginta trium Quaest.: “Há grande diferença entre os milagres dos magos, os dos bons cristãos e os dos maus cristãos: os magos fazem-nos por pactos particulares com os demônios; os bons cristãos, em virtude da justiça pública; os maus cristãos, por sinais desta justiça”.
4. À quarta deve dizer-se o que diz Agostinho no mesmo lugar: “Não se concede a todos os santos fazer milagres, para que os fracos não caiam no erro perniciosíssimo de pensar que em tais fatos haja dons maiores do que nas obras de justiça, que se ordenam à vida eterna”.» 

Observação de C. N. Está suposto neste artigo de Santo Tomás que somente ao magistério da Igreja (quando cingido, propriamente ou analogamente, das quatro condições vaticanas) se reserva a infalibilidade quanto ao caráter de todo e qualquer milagre. – Ademais, no artigo de Santo Tomás maus está antes por pecadores” em geral do que por heréticos em particular (embora estes também se incluam: os maus que ensinam falsas doutrinas...)Mas nos dias atuais grassa a heresia como nunca antes, além de os sacramentos pós-conciliares suscitarem dúvidas graves. Especialmente nestes dias, por conseguinte, havemos de armar-nos da mais fina prudência diante de fatos ou eventos aparentemente miraculosos. De ordinário havemos de calar-nos. 

A eloquência de Carlos Lacerda


C. N.

Como digo na Suma Gramatical da Língua Portuguesa, maior formalidade à língua falada não lha dá a Gramática ou arte da escrita, mas a Eloquência, em ordem à Retórica. E um dos princípios da Eloquência é o pronunciar os fonemas de dada língua de maneira a mais marcante para o ouvido, e de maneira a mais distintiva. Assim, por exemplo, importa usar preferentemente o erre vibrante alveolar múltiplo (o dos gaúchos), e não reduzir a u o ele de fim de sílaba (“mal” e não “mau”, justamente porque mal é advérbio e mau é adjetivo; mas também “algum” e não “augum”). É o que tento fazer em meus cursos on-line ou presenciais e em minhas palestras. Não o inventei eu, obviamente; ouvi-o e aprendi-o na infância e na adolescência até de cantores populares cariocas, mas muito especialmente de professores, e ainda de políticos como Carlos Lacerda (1914-1977), também carioca. Este parlamentar e estadista, de dignidade e de elevação praticamente inexistentes entre os políticos atuais – ainda que não se possa assentir a algumas de suas posições, o que é assunto para outro lugar –, este parlamentar e estadista era, ademais, um exemplo de rétor, de orador. Escutai-o pelos links abaixo, e fazei uma ideia da enormidade do que se perdeu neste país, em termos de cultura, ao cabo de parcos cinquenta anos.        

segunda-feira, 30 de novembro de 2015

domingo, 22 de novembro de 2015

Eis a resposta de Marcos Bagno à resposta e convite de Carlos Nougué


“Minha resposta ao convite de Carlos Nougué, que nem ouvi por inteiro porque tenho mais o que fazer, é repetir o que eu já tinha publicado um tempo atrás sobre o calhamaço imprestável que ele publicou: ‘Crime ecológico é como eu classifico gastar papel, derrubar árvores portanto, para imprimir um calhamaço ridículo, reacionário, caquético, jurássico, sem nenhuma fundamentação científica que é a tal ‘Suma gramatical’ do ilustre desconhecido Carlos Nougué, que fala da ‘corrupção da oralidade brasileira’ e tenta impedir os processos de mudança linguística ocorridos no português brasileiro no último meio milênio. Um livro sem bibliografia, que vomita observações preconceituosas e não serve rigorosamente para coisa nenhuma. Aliás, andou circulando por aí um vídeo em que ele expunha sua visão obtusa da língua. Suma você, Carlos No Way!!’ Não dá para argumentar com quem não tem argumento teórico nenhum.”
O link para onde se encontra tal resposta é: 

Última palavra de Carlos Nougué

Tudo isso, e em particular esta resposta “altamente científica” de Marcos Bagno, serviu para mostrar (até melhor talvez do que mostraria um debate) que enquanto cientista Marcos Bagno não passa do mais puro ideólogo. Como me disse um grande tradutor, “é mister reconhecer que um ideólogo é alguém intrínseca e necessariamente desonesto intelectualmente. Logo, um debate honesto é impossível. Tal desonestidade intelectual decorre do fato de que um ideólogo – qualquer  ideologia – é membro voluntário de uma religião política, conforme definição do filósofo germano-americano Eric Voegelin. Sendo assim, o infeliz primeiro adere, primeiro ‘crê’ nos cânones de sua ideologia; isso traz o conforto emocional da aceitação grupal, do apoio incondicional da claque. O preço? Fica condenado a raciocinar em circuito fechado, proibido de questionar esse mesmo raciocínio, coisa que fatalmente o leva a contradições insuperáveis. Prova disso é o ataque à norma culta fazendo uso dela...”

Passemos a outro capítulo.

A Gramática - Resposta e Convite de Carlos Nougué a Marcos Bagno

sábado, 14 de novembro de 2015

¿Signos cristianos bajo la lava del Vesubio?

Instrucción de la Congregación del Santo Oficio sobre Arte Sacro


“Deber y obligación del arte sagrado, en virtud de su mismo nombre, es el de contribuir en la mejor manera posible al decoro de la casa de Dios y promover la fe y la piedad de los que se reúnen en el templo para asistir a los divinos oficios e implorar los dones celestiales. Por lo cual la Iglesia lo ha cultivado siempre con continua solicitud, atención y vigilancia, a fin de que se ajuste perfectamente a sus leyes, las cuales emanan de la doctrina revelada y de la sana ascética, y así pueda con todo derecho apropiarse el título de “sagrado”. 
A el, pues, se aplican también las palabras del beato Sumo Pontífice Pio X al prescribir sabias normas sobre la música sagrada: “Nada, pues, debe ocurrir en el templo que perturbe o aun solamente disminuya la piedad y la devoción de los fieles; nada que dé motivo razonable de disgusto o de escándalo; nada, especialmente, que... sea indigno de la casa de oración y de la majestad de Dios.” 
Por eso, en los primeros siglos de la Iglesia, el segundo Concilio de Nicea, al condenar la herejía de los iconoclastas, confirmó el culto de las sagradas imágenes y conminó gravísimas penas a los que osen “impíamente inventar algo que vaya contra una constitución eclesiástica”. 
Y el Concilio tridentino, en la sesión XXV, promulga leyes prudentísimas sobre la iconografía cristiana, y en una severa exhortación a los Obispos termina con estas palabras: “Finalmente, pongan en esto los Obispos tanta diligencia y cuidado, que no se vea nada desordenado o mal y confusamente dispuesto, nada profano, nada impropio, pues que a la casa de Dios conviene la santidad.” 

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Primeiro hangout de "Questões Teológicas" (9/11/2015)

Data inicial do novo curso (franco) e dos hangouts “Questões Teológicas”


1) O primeiro hangout de “Questões Teológicas” será no dia 9 de novembro de 2015 (próxima segunda-feira) às 21 horas. Seu link se encontra na próxima postagem.
2) A primeira aula do curso (franco) “A Ordem das Disciplinas – segundo Santo Tomás de Aquino” estará disponível, nesta página e no Youtube, no dia 11 de novembro de 2015.

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Retificação grave a respeito de “A Maternidade Divina”, de Dom Anscar Vonier, O.S.B.


C. N.

A pedido de pessoas em que deposito total confiança, divulguei amplamente o livro A Maternidade Divina, de Dom Anscar Vonier, O.S.B. Infelizmente houve certa precipitação dos que planejaram a publicação do livro – e de minha própria pessoa: divulguei-o fundado apenas em sumários e sem procurar conhecer o conjunto da obra do autor. Pois bem, o fato é que a teologia do referido beneditino presente, ao menos, em seu livro O Mistério da Igreja incorre em condenação de Pio XII ditada na Mystici Corporis Christi, como o mostra um Comentário do autorizado Padre M. Teixeira-Leite Penido (cf. https://aciesordinata.wordpress.com/2015/10/08/perolas-em-meio-a-lama-da-rede-xvi/). Por isso mesmo, não parece prudente publicar nenhum outro escrito do beneditino, ainda que, como é o caso de A Maternidade Divina, nunca tenha incorrido em censura eclesiástica. 
Não me resta senão suspender e eliminar toda a divulgação que fiz do livro. Quanto aos que planejaram sua publicação, nos quais, repito, confio firmemente, disseram-me que já suspenderam a campanha e que tomarão todas as medidas necessárias para sanar a situação.

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Novo curso on-line de Carlos Nougué (de acesso livre): “A Ordem das Disciplinas – segundo Santo Tomás de Aquino”


A Ordem das Disciplinas
– segundo Santo Tomás de Aquino

 “A felicidade última do homem está na contemplação da Verdade.”
Santo Tomás de Aquino

C. N.

Já são muitos os que seguiram ou seguem nosso curso on-line “Por uma Filosofia Tomista”, efetiva introdução à filosofia aristotélico-tomista, ou melhor, à filosofia aristotélica enquanto levada a seus últimos termos ou consequências pelo Teólogo. Uma coisa, todavia, não se pôde fazer nesse curso senão em linhas gerais, a qual, portanto, necessita de expansão e de acabamento: uma precisa, ordenada e detalhada orientação dos estudos conducentes à Sabedoria, incluindo uma bibliografia comentada.
Por isso mesmo é que ministraremos um novo curso on-line, “A Ordem das Disciplinas – segundo Santo Tomás de Aquino”, este de acesso livre, ou seja, gratuito, e cujas aulas, ademais, poderão baixar-se, compartilhar-se e publicar-se francamente. Suas aulas serão mais breves que as de “Por uma Filosofia Tomista”: enquanto estas tinham cerca de duas horas cada uma, as do novo curso terão cerca de quarenta minutos cada uma. A cada semana, em princípio, e a partir de 1º de novembro de 2015, estará em nosso canal do Youtube uma nova aula, o que porém poderá deixar de suceder por qualquer circunstância relativa ao professor. Ademais, quando necessário, as aulas acompanhar-se-ão de algum texto disponível em Estudos Tomistas. Por fim, como resulta do dito mais acima, o curso não terá duração prefixada, e estender-se-á por quantas aulas forem necessárias para cumprir a ementa; mas todas as aulas ficarão indefinidamente em nosso canal, e a data a partir da qual cada aula estará no ar anunciar-se-á com alguns dias de antecedência na página Estudos Tomistas (http://www.estudostomistas.com.br/), por sua newsletter e em nossa página institucional do Facebook.
Eis a ementa do curso, suposta sempre a presença de bibliografia comentada:
1. O ordo disciplinae das artes e das ciências.
Observação 1. Mostrar-se-á, ademais, o que são estas e aquelas, e de que modo as artes podem dizer-se ciências, e as ciências artes (especialmente liberais).
Observação 2. Mostrar-se-á, ainda, a distinção entre arte e experiência.
2. A Gramática (portuguesa, além da latina, da francesa, etc.).
Observação 1. Tratar-se-á, também, a arte da tradução.
Observação 2. Tratar-se-á, ademais, criticamente, a Linguística.
3. A Lógica ou ciência-arte propedêutica a todas as demais ciências e a todas as demais artes.
a) O tratado dos universais:
• os unívocos;
• os análogos;
• os transcendentais;
• as categorias;
• etc.
Observação. As categorias voltarão a tratar-se no âmbito da Metafísica, enquanto os unívocos voltarão a considerar-se especialmente no âmbito da Tópica. E é justo para tratar estes temas que se publicarão em 2016 dois outros livros nossos: Comentário às Categorias de Aristóteles e Comentário à Isagoge de Porfírio.
b) O tratado da interpretação ou da enunciação.
c) O tratado do raciocínio.
d) O tratado do método científico.
3.1. A Dialética (ou Tópica) ou disciplina da investigação do provável.
3.2. A Retórica ou arte de fazer tender ao verossímil mediante o bem e o justo.
3.3. A Poética ou arte de fazer tender ao bem e à verdade mediante o belo.
      § O tratado das falácias ou sofismas.
      Observação 1. Têm o mesmo fim que a Poética as demais artes do belo:
• A Música;
• A Pintura;
• A Escultura;
• O Cinema;
• etc.
Observação 2. A razão de parte potencial da Lógica que deve dar-se à Poética (assim como à Retórica) é mais frágil que a que deve dar-se à Dialética, mas ainda é própria. Resta ver se se pode dar a mesma razão às demais artes do belo.
Observação 2. A Arquitetura não é pura arte do belo.
Observação 3. A Estética parece ser a ciência (prática) do facere das artes do belo: estará para estas, por um lado, assim como a Física geral está para as demais ciências físicas e, por outro lado, assim como as ciências práticas do agere estão para a Prudência. 
    Observação 4. O dito nestas três observações constitui justo o tema de nosso livro Das Artes do Belo: Imitação e Fim, por lançar-se também em 2016.    
4. As ciências práticas do agere.
a) A Ética ou ciência do autogoverno.
b) A Econômica ou ciência do governo doméstico e de seu desdobramento na pólis.
c) A Política ou ciência do governo da pólis.
Observação 1. A Prudência docens ou Ética é verdadeira ciência (prática), mas não é arte de modo algum, enquanto a Prudência utens ou Prudência propriamente dita não é ciência de modo algum, mas se diz arte em sentido amplo.
Observação 2. Tratar-se-á, também, o Direito.
Observação 3. Tratar-se-á, ainda, a História, disciplina subalternada e ordenada à Política e a outras ciências.
5. A Física geral ou ciência genérica do ente móvel.
a) A Cosmologia ou ciência física do ente segundo o lugar.
b) A Química ou ciência física do ente segundo a geração e a corrupção.
c) A Biologia ou ciência física do ente segundo o aumento e a diminuição.
d) A Psicologia ou ciência física do ente segundo alteração.
Observação 1. A alteração é a espécie de movimento relativa às qualidades, e as qualidades por antonomásia são as virtudes intelectuais e morais do homem. Mas a Psicologia ou Antropologia, enquanto trata precisamente a parte intelectivo-volitiva da alma humana, obviamente não é ciência física. Logo, a Psicologia é uma como ciência média entre a Física e a Metafísica, o que decorre da natureza mesma da alma humana.
Observação 2. Tratar-se-ão, criticamente, as chamadas “ciências modernas”.
6. A Matemática ou ciência do ens quantum.
a) A Aritmética ou ciência matemática das quantidades discretas.
b) A Geometria ou ciência matemática das quantidades contínuas.
c) Etc.
7. A Metafísica (ou Filosofia primeira, ou Teologia filosófica) ou ciência do ente enquanto ente.
8. A Teologia sagrada ou ciência de Deus enquanto Deus (ou sob a razão de deidade) – a única das ciências que é simultaneamente especulativa e prática e cujos princípios não se alcançam pelas luzes da razão.