Senhores membros da
Escola Paulista da Magistratura, e senhor Desembargador Ricardo Dip:
Antes de tudo, nem
sequer tenho as palavras justas para agradecer-lhes a outorga da Medalha do Mérito Acadêmico e Cultural. É-me uma
honra muito grande. E não o tomem, por favor, por hipérbole retórica: é que, se
tenho algum mérito, não se deve a mim, mas àquele de cuja sabedoria participo
humildemente – Santo Tomás de Aquino.
Tampouco, ainda por favor, tomem o que se acaba de dizer por fingida humildade,
assim como dizia Sócrates ao famoso Cínico que lhe via a vaidade através dos
rasgos de seus farrapos.
Efetivamente, é
a mais estrita verdade que um tomista – e, insista-se, nada mais pretendo ser –
não pode senão participar da sabedoria do Mestre, assim como toda e qualquer
praia é partícipe das águas da quase imensidão do mar. Outra vez, não se trata
de hipérbole: todos os que têm a honra de aproximar-se com humildade da
doutrina do Doutor Angélico têm a nítida sensação de tocar tão somente a
ponta de um grande e muito profundo iceberg.
E, de fato, tudo quanto
levo a efeito, quer no campo da Teologia, quer no da estrita Filosofia, quer no
das Ciências Práticas, quer no das Artes, e já como escritor já como professor,
é apenas uma tentativa ou de compreensão e difusão da doutrina do Aquinate, ou
de aplicação dela a um campo inexplorado ou pouco explorado pelo Mestre. Mais:
todo e qualquer erro nesta tentativa não se deverá senão a mim. Naturalmente, não
tinha Santo Tomás de Aquino o dom da inerrância; mas, se e quando se lhe possa
encontrar algum erro, ou se deveu a insuficiências dos conhecimentos
empírico-físicos de sua época (e que época não as terá?), ou não será
propriamente erro, mas alguma pequena imprecisão facilmente solucionável. A
doutrina do Doutor Angélico é um mar de verdade, e é supratemporal; e, hoje
mais que nunca, como necessitaria nosso mundo de salutares aplicações do
tomismo!
E, para terminar estas
palavras que já vão longas, não poderia deixar de assinalar duas coisas:
• antes de tudo, que o
mesmo homem que me representa na solenidade de outorga da Medalha do Mérito Acadêmico e Cultural, o ilustre
Desembargador Ricardo Dip, é dos mais preclaros tomistas e participa
grandemente da doutrina do Mestre;
• e, por fim, que
participo também da mesma sabedoria partícipe do Doutor Ricardo Dip.
Muito obrigado, prezados
senhores, e que nos dê Deus, sempre, a luz de penetrar a Sabedoria, porque a
felicidade última do homem não pode residir senão na contemplação da Verdade.
Carlos Nougué
12 de dezembro de
2013