AETERNI PATRIS
SOBRE A RESTAURAÇÃO DA FILOSOFIA CRISTÃ
CONFORME A DOUTRINA DE SANTO TOMÁS DE AQUINO
CONFORME A DOUTRINA DE SANTO TOMÁS DE AQUINO
Encíclica
A TODOS OS PATRIARCAS, PRIMAZES,
ARCEBISPOS E BISPOS DE TODO O MUNDO CATÓLICO
EM AÇÃO E COMUNHÃO COM A SANTA SÉ APOSTÓLICA
Aos Nossos Veneráveis Irmãos, Patriarcas, Primazes, Arcebispos e Bispos
de todo o mundo Católico, em graça e comunhão com a Santa, Sé Apostólica.
LEÃO XIII PAPA
Veneráveis Irmãos, saúde e Bênção Apostólica.
SUMARIO DA ENCÍCLICA
INTRODUÇAO (ns. 1-5)
1 – Natureza e função do Magistério da Igreja.
2 – O Magistério da Igreja atinge também a Filosofia e as Ciências.
3 – Finalidade da Encíclica: Natureza do estudo filosófico que respeite
a Fé e as exigências das Ciências Humanas.
4 – A causa dos males modernos é a difusão das más idéias.
5 – A inteligência bem formada é a causa de numerosos benefícios.
I PARTE: RELACIONAMENTO ENTRE A RAZAO E A FÉ (ns. 6-17)
1 – Embora tenha o campo limitado, a Filosofia é o mais poderoso
subsídio para a Fé.
2 – Para reconduzir a sociedade à ordem, a tradição patrística sempre
recorreu ao uso da razão bem ordenada.
3 – Subsídios da Filosofia para a Fé: Aplaina os caminhos da Fé -Prova a
existência de Deus – Fornece os critérios de credibilidade – Ordena a ciência
teológica – Aprofunda os conhecimentos da Fé – Defende a Fé.
4 – Subsídios da Fé para a Filosofia: Prevalece a Fé – A Fé não destrói
a Filosofia, mas respeita-lhe os princípios, O método e os argumentos – O mal
da Filosofia sem a Fé: O racionalismo – Os bens provenientes da harmonia entre
Fé e Filosofia.
II PARTE: A HARMONIA ENTRE RAZAO E FÉ VISTA ATRAVÉS DA
HISTÓRIA DA FILOSOFIA (ns. 18-20)
1 – Realizada pelos apologistas.
2 – Realizada pelos Padres da Igreja, Escritores Eclesiásticos e
Doutores, máxime por S. Agostinho.
3 – Realizada pelos Escolásticos, máxime por S. Boaventura e S. Tomás.
III PARTE: S. TOMÁS FOI QUEM COM MAIOR PERFEIÇÃO UNIU RAZÃO E
FÉ (ns. 21-27)
1 – Excelência e perfeição da doutrina de S. Tomás.
2 – Confirmação dessa excelência: Pelo seu valor intrínseco – Pelas
Ordens Religiosas – Pelas Academias e Escolas – Pelos Papas – Pelos Concílios
Ecumênicos – Pelos não católicos.
IV PARTE: EXIGÊNCIA DE RESTAURAÇAO DA FILOSOFIA NOS TEMPOS
ATUAIS (ns. 28-32).
1 – Conseqüências funestas do abandono da Escolástica.
2 – Louváveis iniciativas para a restauração da Filosofia Tomista.
3 – O Papa deseja esta restauração pelos motivos seguintes: Defesa da
Igreja contra os ataques que lhe fazem as más filosofias – Restauração da ordem
social – Promoção das ciências.
CONCLUSÃO (ns. 33-35)
1 – Exortação solene no sentido da restauração da doutrina tomista.
2 – Bênção Apostólica.
INTRODUÇÃO
1 – O Filho Unigênito do Pai Eterno, que apareceu no mundo para trazer
ao gênero humano a salvação e a luz da sabedoria divina, concedeu certamente ao
mundo um grande e admirável benefício, quando, antes de subir ao céu, mandou
aos Apóstolos que fossem e ensinassem todas as nações; e deixou a Igreja
estabelecida por Ele como mestre comum e supremo dos povos (Mat. 28, 19). Pois
que os homens, libertados pela verdade, na verdade se deviam conservar; nem seriam
muitos duradouros os frutos das doutrinas celeste pelos quais o homem alcançara
a salvação, se Cristo Nosso Senhor não tivesse estabelecido um magistério
perpétuo para instruir os entendimentos na fé.
A Igreja, porém, já confiando nas promessas do seu divino autor, já
imitando-lhe a caridade, de tal sorte cumpriu essas ordens, que sempre teve em
vista, sempre desejou ardentemente ensinar as coisas da religião e combater
perpetuamente os erros. A este fim visam os trabalhos esmerados de cada um dos
bispos; a este fim, as leis e decretos dos Concílios, e especialmente a
solicitude cotidiana dos Pontífices Romanos, os quais, como sucessores no
primado de São Pedro, Príncipe dos Apóstolos, têm o direito e o dever de
ensinar e confirmar seus irmãos na fé.
2 – Acontecendo, porém, como diz o Apóstolo, que, pela “filosofia e
pelos discursos sedutores” (Col. 2,8) as almas dos fiéis costumam ser
enganadas, e a sinceridade da fé ser corrompida nos homens, por isso os
supremos pastores da Igreja julgaram sempre ser dever seu promover, quanto
pudessem, a verdadeira ciência, e ao mesmo tempo providenciar com suma
vigilância, para que todas as disciplinas humanas, especialmente a filosofia,
da qual em grande parte depende o bom uso das outras ciências, fossem ensinadas
em toda a parte segundo a norma da fé católica. Isso mesmo, em outras coisas já
vos lembramos de passagem, Veneráveis Irmãos, quando pela primeira vez vos
falamos por Cartas Encíclicas.
3 – Agora, porém, em razão da gravidade do assunto e da condição dos
tempos, somos obrigados a falar-vos de novo a fim de estabelecermos o método
dos estudos filosóficos, que, correspondendo ao bem da fé, seja acomodado à
mesma dignidade das ciências humanas.